Temer confessa crime de lesa democracia ao dizer que age como efetivo mesmo sendo só um interino. Por Paulo Nogueira
Não sei o que é pior: Temer dizer que age como efetivo apesar de saber que é interino ou os entrevistadores da Folha, diante desse absurdo, não manifestarem estranheza na entrevista publicada neste domingo.
É o encontro do interino sem noção com o jornal entorpecido.
Interino tem que agir como interino. Só pode agir como efetivo depois que for etetivado.
É um fato básico da civilização e da democracia, mas Temer e a Folha parecem não saber disso.
Ou pior: Temer sabe, mas se finge de morto já que ninguém lhe cobra nada.
Como um falso efetivo, ele tomada medidas para ajudá-lo a ser mais que um interino. Nomeia pessoas ligadas a senadores supostamente indecisos, como Romário.
É legítimo? É legal? É constitucional? É decente? Há um nome para isso: usurpação. Ou golpe.
Temer é um usurpador.
George Orwell, o grande autor britânico de 1984, defendia um conceito para a vida em sociedade: a decência básica. The common decency. Temer ofende a decência básica com seu comportamento.
Imagine que o impeachment não seja aprovado na votação decisiva. O que você faz com todas as coisas feitas por Temer indevidamente? Nomeações, medidas, estas coisas todas de que ele deveria se abster enquanto fosse provisório?
Demite todo mundo, revoga tudo?
É uma irresponsabilidade, além do mais. Temer já tem idade suficiente para saber disso.
O país sofre de uma doença, disse outro dia. Temerite. Temerite aguda, derivada de um mero interino que insensatamente age como se fosse dono de milhões de votos.
Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/temer-confessa-crime-de-lesa-democracia-ao-dizer-que-age-como-efetivo-mesmo-sendo-so-um-interino-por-paulo-nogueira/