Tombamento Pedra de Xango
A Prefeitura de Salvador, realiza dia 04 de maio, quinta-feira, às 14h, o ato solene que oficializa o Tombamento da Pedra de Xangô e Área Considerada Sítio Histórico do Antigo Quilombo Buraco do Tatu, com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município (8.550/2014), executada pela Fundação Gregório de Mattos – FGM.
O processo de tombamento foi instaurado a partir das solicitações da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), da Associação Pássaros das Águas e da Câmara Municipal de Salvador.
A Lei n.º 8550/2014 define que: “O Patrimônio Cultural, para fins de preservação, é constituído pelos bens culturais cuja proteção seja de interesse público, pelo seu reconhecimento social no conjunto das tradições passadas e contemporâneas no município de Salvador.”, com isso, o mérito etnográfico da Pedra de Xangô foi levado em consideração, devido ao culto, ao longo dos anos, pelos adeptos do Candomblé, que ali reverenciam e devotam oferendas ao Orixá Xangô – Deus do raio e do trovão.
Milena Luisa da S. Tavares, Diretora de Patrimônio e Humanidades acentua no parecer da FGM, que o tombamento se justifica pelo valor dos remanescentes naturais locais (massa verde e manancial hídrico), que, além de servir de moldura para a Pedra de Xangô, reserva mérito de preservação em si mesmo, como elemento de identidade cultural, também por se constituir em espaço de memória e referencial simbólico ao que se considera: ‘sítio histórico do antigo Quilombo do Buraco do Tatu’; e devido à característica peculiar da área, que serve ao culto do Candomblé, sendo apropriada pela população de Terreiros; legítimos herdeiros de saberes e fazeres, que reforçam e recriam as dinâmicas da cultura afro-brasileira nesse território, reconhecendo-o e o autenticando-o como Sagrado.
A contribuição de Maria Alice Pereira da Silva, ao ceder seu Projeto de Dissertação Acadêmica “Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador”, subsidiou a criação da Apa Municipal Assis Valente e o Parque em Rede Pedra de Xangô, no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 2016, bem como a instrução do processo de tombamento da Pedra de Xangô junto a Fundação Gregório de Mattos. Em sua pesquisa é feita uma análise do grau de importância da Pedra de Xangô enquanto elemento cultural, aglutinador da teia de terreiros de Cajazeiras e adjacências; investiga a sua utilização nas festas públicas, dentro do calendário litúrgico dos terreiros e no cotidiano, bem como as manifestações culturais e as mobilizações que viabilizam, juntamente com as demais táticas de resistência, a preservação do monumento lítico. Para subsidiar a tese foram selecionadas seis comunidades/terreiros: Ilê Axé Tumbi Odé Oji, Mutalombo Yê Kaiongo, Ilê Axé Odé Toke Ji Lodem, Ilê Axé Odé Oxalufã, Ilê Axé Obá Baba Séré, e o Ilê Tomim Kiosise e Ayo, além da contribuição da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia – AFA. A mestre sintetiza que a “[…] pedra de tantos nomes, pedra que seduz, encanta, não é apenas patrimônio do povo de terreiro, é patrimônio de toda uma comunidade que vê nela a sua memória, a sua história, a sua ancestralidade e que quer protegê-la das ações dos especuladores imobiliários, dos vândalos em nome da ‘fé, da omissão dos poderes públicos e de todos aqueles que não sabem viver com a diferença”.
Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, avalia que “Xangô representa a justiça. O tombamento da pedra reconhece uma crença, empodera um povo, faz justiça a uma reivindicação. Salvador ganha um marco identitário que reforça sua história e tradição. Cajazeiras ganha um espaço para se estruturar e desenhar uma fisionomia própria. Parabéns a todos os envolvidos que se empenharam numa luta sem trégua. Agora é pensar no futuro e potencializar essa pedra como marco de luta e resistência”.
SERVIÇO
O que: Solenidade que oficializa o Tombamento Municipal da Pedra de Xangô e Área Considerada Sítio Histórico do Antigo Quilombo Buraco do Tatu
Quando: 04 de maio de 2017 – às 14h
Onde: Cajazeiras