Aquele parceiro de baba e copo por décadas revelou-se um extremo defensor da unidade familiar, embora tenha uma filha que não registrou fora do casamento.

O cunhado com a trajetória profissional marcada por longos períodos de desemprego que defendeu a reforma previdenciária que extingue a aposentadoria dele.

No caso da amiga que esconde com maquiagem as agressões noturnas praticadas pelo marido entender a opção dela por votar num machista beira o absurdo.

Não se tratou da batalha do bem contra o mal, mas, da sensatez em oposição à barbárie.
Nesses tipos de conflitos padecem os mais sensíveis, os altruístas, os promotores da evolução do indivíduo.
Imagine o irmão que dormia na cama superior do beliche lhe chamar de idiota ou defender a pena de morte ?

O saldo de um pleito eleitoral onde um dos lados proclamava a integridade familiar foram lares seqüelados, amizades destroçadas e amores desfeitos. 
Não somos mais os mesmos e sofreremos bastante.

Será que o espírito natalino possue agulha e linhas suficientes para remendar corações em frangalhos ou um futuro nebuloso ?
Diante da mesa farta do Natal que palavras serão ditas e quais tipos de sentimentos evidenciados?

E na hora da troca de presentes em casa ou no trabalho ?
Pelo amor de Deus! Não digam jamais ” o meu inimigo secreto é…”

O pior está por vim quando o cheque assinado em branco entrar na compensação no 1° de janeiro.

*zuggi almeida, baiano, filho de Ogum é escritor e roteirista.