Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

A avenida dos coveiros da democracia. Por Alex Solnik

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura
Alex_Solnik

Muitos a consideram a avenida mais bonita de São Paulo. Já foi o habitat da nata dos fazendeiros de café. Uma disputa silenciosa apontava, a cada nova mansão desenhada por arquiteto francês qual seria a mais suntuosa delas.

Foi a avenida dos corsos de carnaval dos anos 20, passagem obrigatória dos primeiros calhambeques lotados de pierrôs e colombinas que faziam guerra de confetes.

A disputa, mais tarde, mudou dos casarões para os edifícios.

Arquitetos de alta linhagem mudaram o perfil da via que foi larga desde sempre.

E ficou conhecida como a avenida da São Silvestre, a corrida de rua que acabava no mesmo instante em que o ano em que transcorria.

A seguir, passou a ser identificada como a avenida do Masp, tal a força de seu vão livre que choca pela beleza e abre a vista para a sinuosa Nove de Julho.

Também era chamada de “avenida do Conjunto Nacional”, o primeiro e imponente prédio que ao mesmo tempo abrigava conjuntos comerciais e apartamentos de todos os tamanhos.

As calçadas foram tomadas por artesãos e artistas improvisados, o que não degradou, mas humanizou a avenida que oferece esse espetáculo a céu aberto e inteiramente grátis.

Também já foi a “avenida da Parada Gay”, invadida anualmente por um alegre enxame de homens e mulheres fantasiados por fora e por dentro.

Já estava lá, plantada bem no meio do caminho entre a Praça Oswaldo Cruz e a avenida Consolação uma construção que lembra uma pirâmide.

Vários faraós a ocuparam sem alarde, até que o mais magro deles decidiu adotar a companhia de um pato amarelo gigante de plástico e transformar o local no ponto de encontro da insensatez com a ignorância e a truculência.

Em lugar da alegria da Parada Gay a avenida virou território de uma parada de mortos-vivos à semelhança de “Walking Dead”.

A turba vestiu-se de verde e amarelo para, a partir dali, desferir o primeiro golpe desde a fundação da Nova República.

Golpe não apenas num governo de que não gostavam, mas na democracia.

A pretexto de proteger a pátria eles a denigrem e corrompem, apesar de levantar bandeiras contra a corrupção.

Hoje ela pode ser chamada de “a avenida dos coveiros da democracia”.

Rovena Rosa/Agência Brasil

Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/268721/A-avenida-dos-coveiros-da-democracia.htm

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *