Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

A importância da Axé music. Por Tuzé de Abreu

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura
Tuze_de_Abreu

Penso que na área da economia da cultura na Bahia nada , nem de longe , chegou à importância da chamada Axé music. Nem os livros de Jorge Amado. A Bahia revelou imensos nomes para a música brasileira e internacional como Dorival Caymmi , João Gilberto e os Doces Bárbaros, mas todos eles foram desenvolver suas carreiras fora da Bahia.

Os grandes nomes da chamada Axé Music moram aqui , produzem aqui e exportam para o Brasil e para o mundo , seus shows ao vivo , seus DVDs e fonogramas.

Essa turma fez com que muitos músicos locais , sobretudo percussionistas de origem modesta, pudessem desenvolver seus talentos e suas carreiras, algumas vezes até em outros países. Antes Emília Biancardi com seus trabalhos , sobretudo o Viva Bahia, possibilitou que muitos jovens modestos , músicos , capoeiristas e dançarinos (as) fossem trabalhar , com sucesso, na Europa e EEUU. A Axé music tem possibilitado mais ainda.
Dirigi a parte musical dos espetáculos de aniversário da TV Bahia dos 10 e dos 20 anos, cujas estrelas foram as do Axé.Pois bem. No espetáculo dos 20 anos, conheci através dos músicos, muitos deles de origem modesta, lap-top e pen drive. Fiquei maravilhado. Todos eles tinham, eu mal sabia o que era.

Os músicos do Axé sempre tiveram instrumentos “de ponta” , iguais aos dos grupos famosos pop rock. Doutores em música , hoje importantes professores da UFBA e naturalmente brilhantes músicos, tiveram passagens significativas pela Axé music. A maravilhosa , multipremiada orquestra Rumpillez, em parte foi possibilitada pela passagem do grande Lettieres Leite pela música Axé.

Encaro com certa desconfiança o termo ” música de qualidade”,tantas vezes usado como opositor da Axé music. Qualquer trabalho que seja bem sucedido no mercado, música, panela, tênis,televisor, é logo imitado por similares, quase sempre piores . Todos conhecemos isto. De fato , apesar de já ter trabalhado com a Axé music , toquei quatro anos em trio elétrico , não tenho o habito de ouvi-la , a não ser excepcionalmente uma ou outra peça. Mas não sou o detentor nem o defensor da “música de qualidade”. Mesmo porque , música é uma atividade humana a serviço das mais diversas comunidades. Ricas, pobres, cultas, incultas, folclóricas, religiosas (dos mais diversos matizes),erudita, popular , etc.etc., e eu sou tão somente uma combinação de algumas destas comunidades, com meus sonhos e necessidades como quaisquer dos outros.

Compartilhar:

Mais lidas