A maior organização de favelas do país se instala no Centro Histórico de Salvador
Respeitada e presente em 17 países ao redor do mundo, o Movimento da Central Única das Favelas (CUFA) já está em Salvador, graças à parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) da Secretaria de Cultura (SecultBa).
“Nosso foco são empreendedores e comerciantes, por isso, a busca pelo Centro Histórico de Salvador (CHS)”, afirma Celso Athayde, cofundador da CUFA. Para o diretor geral do IPAC, a vinda da CUFA para o Pelourinho já integra a ideia de implantar um Distrito Criativo no CHS que será criado a partir de imóveis que o IPAC tem na área com o segmento da Economia Criativa.
“Ontem (19) pela manhã promovemos treinamento sobre redes sociais na nossa sede do Pelourinho para que empreendedores e comerciantes dominem mais essa importante ferramenta”, diz Leonardo Ribeiro, diretor executivo da CUFA. A Central promove ainda aulas de danças, capoeira e parcerias para outros cursos de capacitação. “Nos sentimos felizes da CUFA ter um espaço neste lugar que é o berço do Brasil”, comenta Ribeiro. Ele explica que o público da CUFA está também no CHS. “Nosso público é de negros, de comunidades como a do Pelourinho”, relata. Na Bahia, a CUFA faz ações no bairro de Sussuarana, com tribo indígena e o Ilê Ayê, sediado na Liberdade.
DISTRITO CRIATIVO – “É imprescindível um novo modelo de gestão do parque imobiliário do Instituto que atenda a realidade atual, as necessidades urbanístico-populacionais e patrimoniais do CHS e, por isso, o Distrito”, completa o diretor do IPAC. Segundo ele, a iniciativa ocupará inicialmente imóveis no Quarteirão das Artes, entre as Ruas Gregório de Mattos e Frei Vicente, Ladeira do Ferrão e Baixa dos Sapateiros. Nessa quadra, já existem equipamentos do IPAC considerados ‘âncoras’, como o Solar Ferrão, com galeria e coleções de arte, além da Praça das Artes.
As negociações entre IPAC e CUFA começaram em junho deste ano (2017), com visita de Athayde, o presidente da Central, o cearense Preto Zezé, além do coordenador de Articulação da Secretaria da Ciência Tecnologia e Inovação (Secti), Hans Ungar Neto. “Temos o desejo de transformar a Bahia na nossa maior referência ainda este ano”, relatou Preto Zezé no encontro com o diretor do IPAC. “Pretendemos usar a tecnologia que temos nos estados e em 17 países. Mas isso é para ser feito com os próprios moradores de Salvador e as parcerias”, disse o presidente. “O IPAC pode abrir ações incubadoras. Ou seja, todas as ações que irão reverberar na Bahia, podem partir do Pelourinho, no Distrito do IPAC”, concluiu.
HISTÓRICO – A CUFA é reconhecida em esferas políticas, sociais, esportivas e culturais. Educação, esportes, cultura e cidadania são suas atividades. Um dos seus fundadores é o rapper MV Bill. Com uma linguagem própria, a CUFA difunde a conscientização das camadas desprivilegiadas com oficinas de capacitação e atividades que elevam a autoestima e oferece novas perspectivas.
A entidade se debruça nos polos de produção cultural, artística e esportiva, com parceiros, apoios e patrocínios. Sua sede inicial é no Rio de Janeiro e atua em outros 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal e de países como Bolívia, Alemanha, Chile, Hungria, Itália e Estados Unidos. Gastronomia, audiovisual, teatro, oficinas de DJ e produção cultural, também são suas atividades.