Para muito além da luta. Por Carlos D'Incao |
Cidadania | |||
Sáb, 30 de Outubro de 2021 05:19 | |||
Pois digo aos leitores de que Bolsonaro poderá ser derrotado, mas que essa derrota não incluirá apenas luta. Deverá ter enormes sacrifícios, o retorno da militância raiz pelas ruas de todo o país e, se for necessário, atacar os bolsonarista - sem uso da violência - mas apontando toda a sua ignorância e seu reacionarismo, se for necessário aos berros. Alguns poderiam perguntar: Por que Bolsonaro teria tanta força? Vou enumerar as razões: 1- Antes do final do ano Bolsonaro vai editar um Refis (Refinanciamento de dívidas federais) para empresas e pessoas físicas, com carência de 6 meses, 90% de desconto nas multas e divisão em 120 vezes sem juros. A classe empresarial vai apoiá-lo assim como milhões de trabalhadores pejotizados. 2- Ele vai passar o Bolsa Família, que passará a se chamar de Renda Brasil, para o valor de R$ 400,00 (ocultará o fato de que essa medida vale até dezembro e prometerá sua continuidade). Com isso, as garras fascistas vão atacar o Nordeste e as classes D e E. 3- A gasolina e o gás estão caros. Ele sabe disso e deixará eles aumentarem até fevereiro. A partir daí Bolsonaro começará a intervir gradativamente para as suas rebaixas, intervindo positivamente na cadeia geral de produção, em especial nas contas de luz e nos alimentos. 4- Já em novembro desse ano será dado à Caixa Econômica Federal dinheiro para lançar o maior plano de financiamento da construção civil da História da nova república. A construção civil é a mãe de todos os empregos diretos e indiretos do país. 5- Dirá que, apesar de tudo, foi ele que pagou por todas as vacinas e que venceu a pandemia. Vai comparar com os EUA que ficará pra trás do Brasil em relação à taxa de vacinados. 6- Vai culpar os governadores pelo desemprego, pela fome e pelas mortes da COVID 19. 7- Vai comprar o apoio do centrão e terá o maior tempo de televisão. 8- Bolsonaro tem uma militância fanática e agressiva. Além disso, ele tem o apoio dos evangélicos e dos católicos carismáticos. 9- O anti-petismo ainda é forte. A imprensa continua deixando Lula e o PT na Sibéria do esquecimento e já negou sentar para construir uma ponte de diálogos com os mesmos. 10- Os debates serão tarde da noite, atingirá pouca audiência e não serão decisivos. Vou ficar na décima razão para chamar tudo isso de “decálogo do sacrifício”, que é o que nos custará para vencer Bolsonaro. Poderia ainda incluir as sandices de Ciro Gomes e seu serviço para a direita, a própria direita que se unirá aos ataques a Lula, a desunião da esquerda para aumentar suas bancadas, entre outros sérios vacilos. 2022 será um ano decisivo. Ou Bolsonaro é derrotado ou o Brasil deixará de existir. Estamos em um estado de emergência que vai muito além da luta. Temos que combater o fascismo até a última gota de suor e até a última gota de sangue. Não teremos os bombardeiros soviéticos e nem o exército vermelho para nos ajudar. Estamos sós e essa será uma luta entre nós contra todos. Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/blog/para-muito-alem-da-luta
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