Xadrez do segundo tempo de 8 de janeiro e o New Deal de Lula, por Luís Nassif |
Cidadania | |||
Seg, 13 de Maio de 2024 07:19 | |||
Há inúmeras semelhanças com a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Essa semelhança pode ser sintetizada em três eixos. Eixo 1 – Bolsonaro se abrigando no seu bunker Na intentona de 8 de janeiro, Bolsonaro abrigou-se, antecipadamente, no seu bunker em Orlando. Agora, se abriga em um hospital. Na condição de paciente, pode receber visita de todos seus filhos, do governador paulista Tarcísio de Freitas e de envolvidos no 8 de janeiro, sem ser incomodado. Efeito 2 – a operação de Fakenews No pré-8 de janeiro, foi a campanha articulada contra as urnas eletrônicas. Agora, é a mesma estrutura de Fakenews contra a suposta incapacidade dos governos em enfrentar o problema. Desligitamam o governo, dão a entender que o povo é dono do seu próprio destino e, por trás desse discurso, a figura do bolsonarismo. Os personagens centrais da atual onda são todos bolsonaristas: Pablo Marçal, Nego Di, Eduardo Bolsonaro, Senador Cleitinho, governador Jorginho Mello, Nikolas Ferreira, Gayer. É significativo que a primeira fake de Pablo Marçal tenha sido endereçado a Eduardo Bolsonaro. Aliás, hoje é a figura central do discurso de ódio, um mitômano com milhões de seguidores. O prefeito de Farroupilha – perfeito idiota de novela de Dias Gomes – escancarou o jogo na tentativa de armação em cima do Secretário de Comunicação de Lula, Paulo Pimenta. Efeito 3 – a teoria do choque É óbvio que há um comando central, o mesmo de 8 de janeiro. Tenta-se reeditar parcialmente a estratégia da “teoria do choque” – desenvolvida na Universidade de Chicago de Milton Friedman. Na economia, a teoria do choque se refere à ideia de que a implementação rápida e radical de reformas econômicas, mesmo que dolorosas no curto prazo, pode levar a um crescimento econômico de longo prazo. Essa teoria foi popularizada pelo economista Milton Friedman e tem sido aplicada em vários países, incluindo o Chile e a Polônia. É chamada de teoria do choque porque é implementada em situações de choque – político, desastres naturais -, em que há espaço para desestabilização das instituições. Foi o que ocorreu no Brasil no pós-impeachment, reeditando o que ocorreu em várias regiões dos Estados Unidos, após o furacão Katrina. Houve a privatização selvagem dos serviços públicos, deslocamento de populações, impacto desproporcional sobre comunidades marginalizadas, tudo isso na esteira da desorganização que tomou conta das regiões afetadas e da desmoralização da ação pública. O cenário dos conspiradores é relativamente óbvio:
Em suma, haverá meses de turbulências pela frente, com impacto no mercado e na macroeconomia, discussão sobre a distribuição da ajuda. Enfim, um pandemônio que jogará pela janela toda a tentativa de normalizar o dia a dia da economia e da política. E, aí, entra em cena o modelo do New Deal. Efeito 4 – o modelo do New Deal A crise de 1929 inspirou o New Deal, de Franklin Delano Roosevelt. A base do plano foi a criação de um sentimento de união nacional, inclusive utilizando os novos meios de comunicação (das rádios, com programas diários de Roosevelt, aos filmes de Frank Capra), e obras públicas com o intuito de gerar empregos e renda. A campanha de ódio – que tem no mitômano Pablo Marçal a peça central – visa impedir essa solidariedade. É relevante observar que um dos alvos dos ataques são as Forças Armadas envolvidas na operação. O desafio do governo será em duas frentes:
Montar um plano eficiente de promoção da solidariedade, recorrendo a artistas populares, influenciadores, lideranças civis empresariais e de. movimentos sociais.
O segundo desafio será um plano de ação eficiente para coordenar a recuperação do Rio Grande do Sul. O New Deal criou vários mecanismos de coordenação:
Os especialistas atribuem o sucesso do New Deal aos seguintes fatores:
Para o bem ou para o mal – espera-se que para o bem – o governo Lula começará agora. Artigo publicado originalmente no jornalggn.com.br
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