A grande discussão das forças democráticas no momento é a forma de combater o neoliberalismo e as concepções pós-democráticas que este tenta induzir.

O neoliberalismo está criando um fosso entre a imensa maioria da população e uma oligarquia reinante, os limites da concentração de renda que com os países que possuíam uma socialdemocracia atuante foram rompidos pela ausência da polaridade entre os países capitalistas e os socialistas reais compostos pela a União Soviética, pois na ausência desta o liberalismo que andava esquecido desde a crise de 1929 que impeliu os países a verdadeiras reformas nos controles financeiros, foi substituído por frouxos controles dos fluxos de capitais. Aliando a multiplicação da moeda pelas mais diversas formas de investimento e com a inexistência de um padrão ouro, levou a criação de interesses planetários de lucros crescentes baseados não mais na produção, mas sim no papel denominado Dólar.

Este fosso que olhando somente para o nosso umbigo, achamos que é algo característico do nosso país é internacional, as outrora economias europeias sólidas e solidárias estão se desfazendo em todos os grandes países, nunca se teve além de um número de desempregados tão grande associados a uma crise que perdura há quase uma década, e pior, sem o mínimo horizonte de saída.

Este exército de pessoas não só excluídas temporariamente do ambiente do trabalho, parece não ter solução para seu problema, pois todos aqueles que não tendo as características necessárias para a inserção no mercado internacional, estão fadados a ser mantidos a margem indefinitivamente.

A aposta do governo brasileiro atual de eliminando qualquer resquício de sociedade solidária, levará em médio prazo ao esgotamento da possibilidade de sobrevivência de imensas parcelas da população. Como o custo da sobrevivência no nosso país ultrapassa em muito do que outros países pobres como a Índia, e como o nível de modernização do nosso parque fabril que está defasado perigosamente do que existe no resto do mundo, não será o mercado que resolverá os desequilíbrios exceto pela transformação de imensos setores da sociedade aos níveis abaixo da sobrevivência. Esta proposta de regular o custo da mão de obra através do aviltamento das condições de vida de grande parte da população, fará com que uns país rico em recursos naturais e alimentos como o Brasil, deixem estes recursos longe das posses da população, ou seja, diferentemente de outros países em que a possibilidade de sustentar a população não existe, o Brasil tem esta possibilidade se a economia fosse na direção de uma organização solidária.

Conforme se pode ver o fenômeno internacional de concentração de renda a níveis astronômicos, numa sociedade que o povo não tem reservas levará necessariamente o caos no meio da opulência.

A radicalização da extrema direita populista representada pelo deputado Jair Bolsonaro, pode criar uma verdadeira fratura social extremamente intensa, onde esta imensa população excluída pode ser tratada como o inimigo interno, porém como a repressão a este inimigo interno simplesmente agudizará as condições de vida num espiral crescente que tende a romper o frágil tecido social brasileiro.

Ou seja, para qualquer lado que se vá, sem a tentativa de radicalizar a democracia brasileira dando a este povo que deverá ser participe e força principal na renovação do país. Não há neste momento a possibilidade de se estabelecer um consenso entre as partes, pois simplesmente a sobrevivência da maioria depende do esvaziamento do poder de outro.

O caminho é claro e único, e a recomposição do tecido social do povo brasileiro, retirando os recursos das oligarquias que dominam o país, num país rico como o nosso é bem mais simples e menos traumático do que outros países em que a sua sustentabilidade depende expressamente de apoios externos.

Se decidirmos a imensa maioria da população, se tornar um povo e pegar para quem construiu o país as benesses que estão nas mãos de poucos, rapidamente saímos do impasse, porém não contando com consensos e pactos, mas sim na real transferência do poder do país a quem sempre lhes deveria pertencer.

Artigo publicado originalmente emhttp://jornalggn.com.br/blog/rdmaestri/brasil-pode-ter-a-resposta-que-todo-o-mundo-procura-por-rd-maestri