Cinco absurdos que estão sendo ditos PELA ESQUERDA sobre o atentado em Curitiba. Por Fernando Horta
Primeiro é preciso que tenhamos em conta o que está acontecendo:
1) O objetivo é acabar com o PT e a militância. Por isto prender Lula, colocar incomunicável e manter todo o partido controlado.
É como dopar um leão ou um urso. Você precisa dele dócil. Toda vez que eles atacam surge a esquerda menchevique a falar em “instituições”, “responsabilidade” e “que não podemos morder a isca”. A pergunta é onde com quem está a “responsabilidade” desta turma? com o STF? Com o governo Temer? Ou talvez com algum candidato que se diz de esquerda e quer ver o PT morrer à míngua, Lula esquecido e a transferência de votos para si com base no absurdo discurso da “única solução”?
2) O golpe nunca foi planejado. Desde o início Temer e Cunha avançam e retrocedem completamente amedrontados. Dá para fazer duas páginas de momentos em que Temer voltou atrás. Eles chegaram onde chegaram porque nós da esquerda preferimos fazer petição no Avast e texto nas redes do que o enfrentamento nas ruas. O golpe chegou onde chegou porque nós estamos respeitando vidraças e carros e deixando companheiros serem mortos para não “mordermos a isca”.
3) “Quantas divisões você tem, general vermelho?” Bobagem, nunca foi necessário exército para fazer movimento de pressão política. E quando estes exércitos existiram eles foram FRUTO DA LUTA e não existiram antes dela. A mesma frase, repetida pelos mesmos que querem a aniquilação silenciosa e indolor da esquerda, responde porque as “massas não estão nas ruas”. Ninguém vai seguir qualquer liderança cujo entendimento é fazer uma festinha em forma de passeata e depois correr para a casa com gás lacrimogêneo nos olhos e bala de borracha no corpo. Há meios de enfrentamento, o jogo não é dividido apenas entre o estado letárgico que estamos ou a revolução total. Mas para esta turma de mencheviques e SR o principal é nos convencer que “não há solução”. Talvez assim tudo termine como quer a direita, com Lula morto no cárcere e a imensa população de esquerda votando branco ou nulo nas eleições. Daí talvez, candidato que se diz de esquerda e vai a evento com a nata da direita possa ter alguma chance de chegar a algum lugar além dos seus 9%.
4) “Eles têm canhões, tanques, exército …” Bobagem. Eles não precisaram colocar nada disto nas ruas até agora. Precisou apenas de duas pessoas com desprezo pelas instituições para colocar um companheiro no hospital com tiro no pescoço. Precisou apenas um ignorante com relho para humilhar a esquerda e sair rindo. Apesar de fascista as forças armadas não são homogêneas, e se imaginadas homogêneas já se sabe que elas têm pouca capacidade de defesa no Brasil, imagina em situação de dúvida. Ademais, o poder simbólico que eles criaram com o medo não sofre o custo do uso. Por imaginar uma violência institucional, nunca agimos e assim eles se mantém e o tempo passa. Lula preso a morrer à míngua, enquanto nos dizem para “temos responsabilidade”. A quem serve este discurso? A quem serve a passagem do tempo com a militância anestesiada, acreditando que não pode nada e não tendo força alguma? Certamente, aos mesmos candidatos que se postam como “única solução”.
5) “o povo nos abandonou, por erros da esquerda”. Sinceramente, esta frase na boca de alguém que se diz de esquerda deveria ser punida imediatamente com afastamento de qualquer ligação política com esta esquerda. Esta frase é a síntese argumentativa do golpe. Que vem, PELA SUA SIMPLES INTROJEÇÃO, acabando com a esquerda desde 2013. Mas, pior, esta frase é FALSA. Os partidos de esquerda crescem, e dentre eles o PT cresce muito. A militância DESORGANIZADA DO PT, consegue se opor aos bots e aos milhões em propaganda na internet e reelegeram dilma. a mesma militância mantém o golpe sem conseguir totalmente se consolidar há 3 anos. Lula tem 50% dos votos válidos hoje. Se a direita tivesse qualquer coisa parecida este país já tinha caído no fascismo. O povo carece, neste momento, é de um norte. E muito porque parte da própria esquerda faz o jogo nefasto de erodir a força da militância por dentro. Tem sempre tem algo a que respeitar, uma vidraça a que cuidar, uma “armadilha” a que se evitar … enquanto isto somos presos sem provas ou mortos em emboscada à luz do dia ou na calada da noite.
É terrível ver estes grupos políticos sedizentes de esquerda fazendo o jogo da direita brasileira e servindo de quinta coluna. É terrível ver gente dando argumentações estapafúrdias para enaltecer o medo, vendendo confiança num processo político que já está deformado e com instituições políticas que já estão inutilizadas. Mas o pior é ver esta gente trabalhando incessantemente para diminuir a militância, para reduzir a indignação, para transformar o sentimento de mudança em “medo” ou “respeito” a uma série de valores que nunca foram os nossos.
Nunca um processo revolucionário começou como tal. Quem lê as micro-histórias das revoluções percebe a incerteza, percebe que os líderes não conseguiam ver com clareza muito à frente, mas nem por isto deixaram de incentivar a mudança e a mobilização. Dentro destes movimentos, por toda a história, sempre houve os grupos infiltrados. Aqueles que prezam mais suas posições do que a vida dos companheiros. Grupos que, mais cedo ou mais tarde, mostraram sua verdadeira cara. Aliando-se aos governos contra as massas e terminando suas vidas exaltados como “sensatos” pelo poder.
Não mais Kerensky’s. Não aceitem o discurso que lhes diminuam o ímpeto, que lhes digam que não podemos, não aceitem que lhes afirmem que “só existe uma solução”.
Companheiros estão sendo mortos nas ruas. Companheiros estão sendo torturados nas prisões em Curitiba e um companheiro está sendo morto aos pouquinhos, enfiado numa solitária sem sequer o direito a um médico.
Fora com os falsários da esquerda. Fora com aqueles que repetem o discurso dos que nos oprimem.Nenhuma mudança começou achando que ia fazer revolução. Mas revoluções começaram com as pessoas defendendo seus direitos mais básicos, como trabalhar e comer. E, não sei se notaram, mas estão destruindo o nosso direito de existir.