Este vergonhoso rebuceteio no senado federal me fez lembrar uma história que ocorreu comigo há pouco tempo.
Calma, minha comadre, não recebi propina de dois milhões, não. Infelizmente, a zorra é de outra ordem.

Porém, antes de sair dos entretantos e ir para os finalmentes, vou explicar aos forasteiros que frequentam este insalubre recinto uma chibança típica desta província lambuzada de dendê e de exclusão para que eles não fiquem mais enrolados & perdidos do que carmén lúcia nas votações (quase escrevi sacanagens) do supremo.

Seguinte. A Bahia é o reino da puia, das rimas obscenas ou perversões pornofônicas, para usar uma linguagem erudita esculhambativa do antropólogo Roberto Albergaria. (Vejam que fim de carreira deste rouco e cansado locutor, tendo que citar/recorrer ao falecido comentarista de rádio).

Mas derivo. O fato é que, aqui, recomenda-se evitar as palavras terminadas em u. Assim, para não cair na esparrela, há duas saídas: o uso do “ivis” ou do tradicional “lá ele”. (Como diria paula lavigne, procure saber).

E foi assim que, todo trabalhado na retaguarda (lá ele), entrei no táxi e disse.

– Motô, leva o carro pra Praça Cairivis.

Com um olhar de reprovação, o sacrista perguntou.

– Você vai pra onde?

E eu, todo tirado a gato mestre, a miseravo, respondi.

– Praça Cairivis e depois pegarei a barca, pois vou pra ilha, pra Tairivis.

Quase com desprezo, como se este moreno, inzoneiro & bronzeado cabeludo fosse um menino amarelo, um parmalat, o indigitado respondeu perguntando.

– Que besteira é esta?

Incrédulo, já estava achando que o sujeito não era baiano quando ele interrompeu meus pensamentos imperfeitos largando a seguinte, com um tom de voz um tanto quanto impaciente.

– O nome da Praça é CaiRU. E na Ilha eu conheço a localidade de TaiRU (Percebam a ênfase no U).

Ao notar o vacilo, fiz a indagação com a voz sacana, praticamente um xeque-mate.

– E a rima, véi?

E ele, de bate-pronto.

– Rapaz, se você fala tairivis, eu posso responder: Meu pau no seu cuzivis. E aí, de que adiantou? E mais. Comigo, num tem rima certa. Aqui os Orixás não deixam passar nada.

Então, depois de me raciocinar todo, cheguei à seguinte e óbvia conclusão: aécio neves deve se guiar pelos mesmos orixás do taxista, pois tem a convicção de que no seu fiofó não vai nada, nunca.

Que corpo fechado dos 600 DEMÔNHOS, viu?