Aldeia Nagô
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Domingueiras (v) Feliz Natal! (Para os meninos da pituba)

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Sergio_Guerra2

Surpreende a infinidade das crianças de crianças espalhadas neste Natal pelas ruas da Pituba, especialmente, nas de maior movimento e seus cruzamentos, com suas sinaleiras, onde pedem ajudas, gorjetas e até arriscam alguns

malabarismos e “limpezas” de pára-brisas e outros que tais, enquanto os carros estão esperando que o sinal lhe permita seguir em frente. Mais do que quantidade, também nos assusta o tamanho delas, pois algumas não conseguem sequer chegar à altura das janelas dos automóveis em que supostamente pretendem pedir um “agrado” como presente de Natal.

À bem da verdade, este ano, (seria fruto da crise?), lá por volta do começo de novembro, já tinha observado um grande presença destas crianças, quase todas negras, pobres e rotas e sujas, em grandes grupos, inclusive com adultos (mães e pais?), ditos, havidos e tidos, como seus “responsáveis”. A principio, surpreso, tentei imaginar qual era a razão dês revoadas de crianças, pensei nos “carurús de setembro”, “dia das crianças ou estudantes”(?), “todos os santos” ou mesmo “finados, posto que a “República” ninguém lembra de comemorar, sequer.

Nada disso era verdade, e o Natal e Festas de Fim de Ano apenas vieram confirmar com mais crianças despejadas do Nordeste, Saramandaia, Baixa do Tubo e outras periferias das cercanias da Pituba, em busca dos “agrados”, “esmolas”, “lembranças” ou mesmo “presentes” que o remorso e a sensibilidade atiçada por esta época do ano, juntamente com o 13º salário e, quiçá, o “adiantamento das férias”, da maioria do funcionalismo público, ajuda a promover. Assim, acontece (?) um FELIZ NATAL PARA AS CRIANÇAS DA PITUBA!

“AGITADORES DE RUA”

Ontem ao sair de casa, por vota das 14 horas, me deparei com uma jovem senhora, com cerca de 40 anos, ruiva ou algo parecido, pois de mulher quase nunca se direito, a cor do cabelo a partir de certa idade, lembrando ser de classe média de baixa ou algo assemelhado, que me afirmou, peremptoriamente, que “o presidente dos EUA disse que ia mandar prender Lula e Dilma porque descobriram que eles tinham roubado com a Odebrecht também lá…”.

Confesso que fiquei surpreso com o inusitado, pois nunca a tinha “visto mais gorda”, e não percebi, de pronto, o sentido da comunicação que me fazia tão repentinamente, mas, passado os momentos iniciais, identifiquei o sentido da provocação, pois já tinha me deparado com este tipo de gente e de pronto respondi, imaginando que se deveria se tratar de Trump, posto ser este presidente eleito, mais afeito a este tipo de fanfarronice e presepadas do que o discreto Obama, salvo melhor juízo.

Assim, lhe disse em voz alta, ainda que cortês e ironicamente, “ele é que vai preso, por não pagar e roubar o imposto de renda de lá!”.  E seguir o meu caminho, posto que surpreendida pela pronta resposta, ela não retrucou e eu não estava disposto a dar trela a provocador de rua. Entretanto, resolvi, neste domingo de Natal, aproveitar estas “domingueiras” para alertar por um novo tipo de personagem, nascido nestes “tempos de ódio de classe”, posto que o “golpismo” precisa, desesperadamente, de construir uma “legitimidade mínima” para lhe garantir a permanência, cada vez mais abreviada e curta.

Estranhamente, julgava que essa onda já havia passado com o golpe e as eleições que, conforme o “discurso oficial jurídico, midiático e parlamentar”, posto que estas últimas havia, para eles, definitivamente, enterrado as esquerdas e, principalmente, o “PT de Lula”, a quem só falta a prisão, ou quiçá a morte, para que o Brasil voltasse aos trilhos tradicionais de uma sociedade branca, (quase européia), colonial, dependente, elitista, escravista, machista, misógina, racista e sulista, que eles acreditam ser o destino desse “Imenso Portugal”.

Digo isto porque este tipo esteve muito presente no período pré-eleitoral e golpista, quando, no ônibus que me levava diariamente, a UNEB no Cabula, ia um senhor de seus 50 anos que, invariavelmente, punha-se a falar, com seu eventual companheiro de banco, porém, alto o suficiente para que boa parte da frente do coletivo ouvisse, “mal da vida, do governo e, religiosamente, do PT, de Lula e de Dilma” e este discurso, bem encadeado, quase pastoral evangélico, terminava, sempre, com a necessidade da “volta dos militares para botar ordem no Brasil”.

Parece que o mote da vez, desta “rede social dos pobres”, posto que “instalado o golpe e derrotado o PT, está voltado para preparar a sociedade para a “inevitável prisão de Lula”, visto que as pesquisas continuam apontando uma inexorável vitória desta liderança popular, responsável por uma verdadeira “revolução social” que enterrou, pelo menos em grande parte, aquele país em que nunca antes o povo tinha conseguido tanta ascensão econômica e humana em seus múltiplos e variados sentidos. Então mais do nunca, precisamos “estar atentos fortes”.

Sérgio Guerra

Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.

Presidente do Instituto Ze Olivio  IZO

Cronista do site “Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina”.

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