Domingueiras XLI. Por Sérgio Guerra
“Ainda vai levar um tempo…” para que se tenha uma dimensão mais objetiva dos resultados das “operações” que o Ministério Público, Polícia Federal e outros órgãos de controle do Estado Brasileiro, vêm realizando nestes últimos anos, visto que o emocionalismo, radicalismo e mesmo o viés de algumas delas vem perturbando uma análise mais complexa, rica e tranqüila do que está acontecendo.
Porém de antemão pode-se afirmar que “nunca antes na história deste país” tanta gente graúda foi indiciada, processada, julgada, condenada e presa, mesmo antes de ser condenada, como neste momento raro, talvez único, que vive o Brasil.
Claro que as novas condições políticas, especialmente criadas e cultivadas nos governos lulo-petistas, como autonomia, condições de trabalho e plena liberdade de atuação, algumas já em franco processo de extinção, ou mesmo de retrocesso, já estão em andamento como a autonomia e liberdade com que funcionaram estes mesmos órgãos nos últimos anos, de governos lulopetistas, pois quem não se lembra dos mandatos de Fernando Henrique Cardoso em que o Procurador Geral da República era conhecido como “Engavetador Geral da República” e tinha sintomaticamente o sobrenome de Brindeiro, como se fosse para “Blindar” as autoridades governamentais.
Destarte, vale lembrar que o “governo” Temer já anunciou com o abandono da indicação do mais votado, prática do governo Lula, e nomeou a sua aliada, mesmo sendo a 2ª da lista, para o cargo de Procurador(a) Geral da República, para substituir nesta segunda-feira, o “Processador Geral da República”, Rodrigo Janot, que no final de seu mandato, abriu um leque de processos contra as “organizações criminosas” do PT, PP e do presidente golpista e seu partido, o PMDB, incluindo o seu núcleo político central, além dos “maleiros” Rodrigo Loures e o “inesquecível e quiçá imortal”, Geddel Vieira Lima, com seu “apartamento” de malas de dinheiro.
O tempo, este senhor da história e mesmo da razão, ajudará a se fazer uma avaliação mais isenta deste raro momento, talvez único que vivemos, se bem que nunca plenamente, posto que as questões políticas nunca permitem que as paixões sejam afastadas totalmente, mas que pelo menos se separe o joio do trigo, e se percebam o que se trata de um mero viés ideológico, político, partidário e até pessoal, como parece ser o “caso Lula”, do que se trata de um verdadeiro caso de “contaminação endêmica” do sistema político nacional.
Visto que esta “corrupção endêmica”, diga-se de passagem, ninguém honestamente pode acreditar e defender que tenha se iniciado em 2003, com a vitória de Lula, pois assim se deve anistiar ou esquecer, as megalônomas e faraônicas obras, que enriqueceram astronomicamente as “empreiteiras”, tanto na construção de Brasília, quanto nas obras do “Brasil Grande” da ditadura de 64, como a “BR 101”, a Ponte Rio/Niterói, além das construções das “casas do BNH”, suas “cooperativas habitacionais” e a “Trans (a) Amazônica.
Assim, nos próximos dias, quiçá semanas, meses, anos e décadas, ainda se discutirá os últimos dias que vivenciamos e seus desdobramentos, ainda que só se deva esperar que não soframos um processo de desvio dos padrões republicanos, que ora se pretende instaurar, ou um retrocesso das práticas investigativas, que levem a uma grande degradação deste processo de moralização das práticas políticas e o uso do dinheiro público, o que nos fará cair, talvez definitivamente na descrença geral na democracia e sua capacidade de construir uma sociedade melhor, o que será um mal terrível para todos que acreditam num modo melhor.
Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.