Domingueiras XLVI “Tudo como dantes, no quartel de Abrantes!”. Por Séergio Guerra
Tenho reiteradamente declarado meu otimismo com relação ao futuro da humanidade, talvez, pelo fato de ser um profissional de História e acompanhar a “longa duração” de nossa evolução, especialmente, no que se refere aos direitos humanos nos últimos 500 anos, quando sucessivas garantias, do que são exemplos culminantes, tanto as revoluções democráticas dos EUA e da
França, ainda no século XVIII, consagradas na Declaração dos Direitos do Homem, proclamada pela ONU, em 1948, e que balizam boa parte das relações internacionais dos últimos anos.
Mesmo assim, não posso desconhecer os ciclos de “curta duração” que acontecem a exemplo do momento em que vivemos em que uma onda reacionária assusta o mundo em diversas áreas, especialmente, nos EUA, Europa e mesmo em nossa América Latina, em que vitórias eleitorais ou mesmo “golpistas”, tem favorecido aos grupos mais conservadores, sejam de caráter autoritários, fundamentalistas, racistas, sexistas, ou mesmo xenófobos, que vem se destacando como lideranças nas políticas, tanto locais como mundial.
Estas últimas semanas, no Brasil, tem havido uma série de ações do governo golpista de Temer, mas do que conservadoras, reacionárias propriamente ditas, em que as conquistas democráticas e sociais, acumuladas durante as últimas décadas têm sido retiradas em troca dos votos que lhes assegurem a permanência do mandato presidencial, ainda que cada vez mais acuado e desmoralizado, posto que sua aceitação popular se aproxima do “traço estatístico” do quase zero, logo ele que dizia que nenhum presidente resiste com menos de 7% de aceitação popular.
Assim, o retrocesso no combate ao trabalho escravo, nas políticas de preservação ambiental e nos direitos trabalhistas e previdenciários, são apenas demonstrações explicitas do recuo presidencial para garantir seus últimos dias de mandato com o apoio das bancadas do “BBB”, (abreviaturas da Bala, Bíblia e Boi). Da mesma forma que a “aliança” com o PSDB, de Aécio, assegurará a sobrevivência de Temer, ainda que neste verdadeiro “abraço de afogados”, do qual a “absolvição”, nesta semana que passou, do primeiro é apenas o passo inicial do compromisso de “continuidade/sobrevivência” do segundo, que se efetivará numa nova votação nesta semana entrante.
Desta forma, não existe otimismo que resista e fundamente uma postura de crença na derrota do fisiologismo político de que a troca de benesses das liberações de emendas reprimidas e exigências de cargos nos altos escalões do governo Temer, que se efetivará na não investigação dos seus “crimes das malas”, fato dado como consumado e com data marcada para a próxima quarta-feira. Ou alguém duvida deste resultado, já contado em prosa & verso, cargos & emendas? Para este caso, não há otimismo que resista!
Entrementes, há uma luz no túnel, pois em 2018 teremos eleições diretas para todos os cargos, estaduais e federais, e aí será um momento decisivo para que a população brasileira cobre de seus “representantes” a conta de seus votos vendidos ao governo em exercício, na vergonhosa troca de verbas e cargos, e, enfim “… quando chegar o momento, este meu sofrimento vou cobrar com juros, juro…”, como profetiza o grande Chico Buarque de Holanda.
Sérgio Guerra
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.