Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

Escola de Moda Afroindígena lança peças na FLICA 2024

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

Escola Livre e Gratuita de Moda, Arte e Cultura da Bahia apresenta peças produzidas por alunas com criações focadas na identidade étnica-territorial de Cachoeira

A Àbámodá (@abamoda.escolalivre), primeira Escola Livre e Gratuita de Moda, Arte e Cultura da Bahia, lançará suas primeiras peças artesanais entre os dias 17 e 20 de outubro, durante a Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira). O evento marca um momento de celebração e experimentação para as alunas, que desde agosto vem participando de aulas práticas em diversas áreas da moda e gestão de negócios. O stand da Àbámodá estará aberto entre 10h e 20h, no Ateliê de Fory, localizado na Rua 13 de Maio, em frente à histórica Irmandade da Boa Morte.

Entre as peças produzidas e expostas pela Àbámodá estão criações exclusivas, como biojóias, bolsas e acessórios com tingimentos naturais, que dialogam com a estética afroindígena, levando em conta a identidade étnica-territorial, elementos e produtos naturais de Cachoeira. O lançamento, que acontece em um dos principais eventos culturais da Bahia, proporciona às alunas uma oportunidade única de aprendizado. “Eles terão a chance de interagir com os consumidores, observar o comportamento do mercado e aprimorar suas habilidades de precificação e vendas”, destaca a coordenadora do projeto Luísa Mahin. Parte dos lucros obtidos será dividida igualmente entre os participantes, reforçando o caráter colaborativo do projeto.

O projeto integra a Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura, subsidiada pelo Ministério da Cultura, e acontece através de formações técnicas gratuitas, estágio laboral, incubação e investimento semente para os empreendimentos, além de atuar como um processo de empoderamento social, humano e identitário. A realização é do Instituto Casa de Barro e conta com apoio do projeto Irmandade.

Moda, Educação e Transformação Social

A Àbámodá tem se destacado como um projeto que vai além da formação técnica, mas contribui no fortalecimento da cultura local, desenvolvimento econômico e habilidades socioemocionais. Para Kelly Lopes, aluna do curso de joalheria, as aulas têm sido desafiadoras, mas transformadoras: “Desenvolvi brincos, anéis e pulseiras. É um processo cheio de minúcias e exige muito cuidado. Para além da criação das peças, aprendi a ter mais paciência e cautela, lições que levarei para a vida toda”, comenta.

Giselli Oliveira, que criou uma marca de acessórios e moda em 2013, está frequentando o curso de estamparia e finanças. A empreendedora conta que pausou o negócio, mas com as aulas pretende voltar de forma mais estruturada. “Eu já tinha uma marca, Quilombelas, e confeccionava turbantes, camisas e kimonos com tecidos prontos em que eu tercerizava a estamparia com algumas frases. Com o aprendizado em estamparia artesanal, quero personalizar minhas próprias peças e voltar ao mercado de uma forma mais profissional”

Expressão Artística e Empreendedorismo Sustentável

O grupo de facilitadores da Àbámodá também reflete o compromisso do projeto com a formação integral das alunas. A designer de moda Iandara Nascimento usa técnicas do tie dye, batik e tingimento natural para ensinar estamparia artesanal e defender o consumo consciente e diminuição dos impactos ambientais, além de incentivar a expressão artística.

“Nunca vi um projeto social voltado para a moda com esse formato. Além da prática , o aprendizado em conjunto, onde ideias vão surgindo e vão sendo compartilhadas, trazem a certeza que dali sairão empreendedores com um grande potencial”.

Além da técnica, a construção de confiança e autonomia é um dos focos do projeto, onde as alunas aprendem a valorizar suas capacidades e a pensar em seus negócios de forma planejada. “Mostro sempre a importância da identidade de cada um em suas marcas, de se trabalhar com o que gosta. Já vejo mudanças em todos. Com certeza estão muito mais seguros, empolgados , treinam fora da sala de aula, mostram seus resultados com felicidade e já traçam planos para seus negócios”, completa Iandara.

Na parte de gestão do negócio, a educação financeira é um dos focos do projeto. Átila Lima, educadora financeira, enfatiza a importância de projetos sociais que democratizam o acesso ao conhecimento, permitindo que as alunas, muitos deles vindos de realidades de escassez, possam vislumbrar a prosperidade financeira.”Construir uma vida financeira mais saudável e equilibrada, precificar corretamente e ter metas de faturamento, ajuda o empreendedor a vislumbrar no seu negócio uma fonte de sustento e realização dos seus sonhos. Ouvir as alunas dizendo que já tem percebido a diferença no seu dia dia e que estão conseguindo colocar em prática o que vem aprendendo é muito gratificante”.

Para Átila, o impacto vai além das finanças pessoais e empresariais. “Projetos sociais como esse tornam um conhecimento “elitizado” em acessível, democratizam o acesso à educação financeira de qualidade e transformaram a vida de diversas famílias que estaria “fadadas” somente a fazer dinheiro para sobrevivência, sem direito à dignidade, qualidade de vida ou realização de sonhos.”

Serviço: Àbámodá na Flica 2024

Data: 17 a 20 de novembro

Local: Ateliê de Fory, Rua 13 de Maio, em frente à Irmandade da Boa Morte, Cachoeira/BA

Horário: 10h às 20h

Compartilhar:

Mais lidas