FGM disponibiliza Dossiê Técnico do Samba Junino
Salvador é uma cidade que reúne grande riqueza histórica e cultural. No entanto, até antes da atual gestão, a Prefeitura não havia desenvolvido políticas voltadas para a preservação do patrimônio da cidade.
No dia 29 de abril de 2016, o Prefeito ACM Neto sancionou o Decreto nº 27.179, que regulamenta a Lei 8.550/2014, instituindo normas de proteção e estímulo à preservação do patrimônio cultural do município de Salvador. O documento normatiza os processos de tombamento de bens materiais e imateriais e indica as instâncias e etapas de deliberação para o tombamento.
Dia 19 de junho de 2016, aconteceu a assinatura para abertura do processo de registro do Samba Junino como Patrimônio Imaterial, um reconhecimento mais que merecido para esta que é uma das maiores manifestações populares da cidade. A partir de amanhã (17), a FGM disponibiliza o Dossiê Técnico para conhecimento e manifestação da sociedade no site www.culturafgm.salvador.ba.
Após conclusão da instrução técnica do processo de registro, o dossiê técnico será disponibilizado na página da Fundação Gregório de Mattos na internet, para que a sociedade se manifeste.
§ 1º A Fundação Gregório de Mattos usará todos os meios à sua disposição para informar à sociedade sobre a disponibilização do dossiê técnico.
§ 2º As manifestações formais da sociedade, em relação ao processo de registro, serão dirigidas ao Presidente da Fundação Gregório de Mattos e juntadas ao processo, para exame técnico.
A próxima etapa, será o encaminhamento ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, para análise e emissão do Parecer Final.
De acordo com pesquisas realizadas pela Gerente de Patrimônio Cultural da FGM, Magnair Barbosa, o Samba Junino nasceu das referências do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, expressão cultural brasileira herdada dos africanos e seus descendentes, que fora registrado como patrimônio imaterial do Brasil, em 2004, pelo IPHAN, reconhecido em 2005 como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Esse samba duro, caracterizado como samba urbano, surgiu em torno das casas de candomblé de Salvador, no bojo da religiosidade popular, presente nos terreiros e em muitas festividades de matriz africana nas festas de caboclo, iniciando suas manifestações nas queimas de Judas e encerrando no Dois de Julho, inclusive na sequência das rezas direcionadas aos santos juninos – Santo Antônio, São João e São Pedro.
Representa, então, uma expressão genuinamente soteropolitana, disseminada há 40 anos em diversos bairros de Salvador, ganhando cada vez mais espaço que vai além dos festejos juninos quando desfilam no Centro Histórico. Serviu como base para o surgimento de estilos musicais contemporâneos como o pagode baiano, projetando muitos artistas conhecidos do grande público como Tatau, Reinaldo, Ninha e Márcio Victor.
Hoje, existem muitos grupos que representam o Samba Junino como a Liga de Samba Junino, uma Associação dos Coletivos de Samba Junino presidida por Nonato; Grupo União, com Jorjão Bafafé, que fica no Engenho Velho de Brotas, bairro de grande representatividade desse movimento. Além deles, no Nordeste de Amaralina existem alguns grupos que se enquadram nesse estilo de samba urbano como o Samba Natureza, com Gerson Negão e Sandoval à frente.
Além dos espaços que conquistam, se fez necessário reconhecer o Samba Junino como bem cultural, visando promover além de uma pesquisa sistematizada, através da coleta de registros audiovisuais e a produção de textos que embasem a bibliografia a respeito desse movimento, o procedimento de registro possibilitará mapear os grupos, suas formas, áreas, bairros, bem como catalogar as composições, o estilo rítmico e corporal. Essa produção se faz essencial para fundamentar o plano de salvaguarda, elaborado junto aos detentores e a sustentabilidade desse movimento, através dos critérios que definem o que vem a ser um grupo de Samba Junino, que envolve entre outras questões, o cuidado com a comunidade local.