Fundação Cultural do Estado lamenta morte do maestro e compositor Letieres Leite
A Fundação Cultural do Estado da Bahia lamenta profundamente o falecimento do maestro, compositor e professor de Música, Letieres Leite, nesta quarta-feira (27/10), em decorrência de complicações da doença covid-19. Aos 61 anos, o baiano de Salvador atuava como coordenador artístico pedagógico do Curso de Música do Centro de Formação em Artes da Funceb, onde lecionava sobre o seu método UPB (Universo Percussivo Baiano).
Letieres Leite desde cedo enveredou-se pelo campo das artes, primeiro nas artes plásticas e depois na música. Aos 13 anos fazia pintura e gravura e chegou a cursar três anos de Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia, ao mesmo tempo em que deu início aos estudos de música como autodidata com a flauta e o sax, aperfeiçoando sua construção musical em 1986 no Konservatorium Franz Schubert em Viena, Áustria.
Em sua carreira, Letieres Leite gravou e se apresentou com grandes artistas, como Gilberto Gil, Naná Vasconcelos, Timbalada, Gerônimo, Elba Ramalho, Lulu Santos, Timbalada, Daniela Mercury, Elza Soares, Carlinhos Brown, Hermeto Pascoal e Ivete Sangalo, com quem trabalhou até o carnaval de 2011, compondo a Banda do Bem, e tendo participado de oito álbuns e três DVDs da cantora.
Como professor, lecionou no curso de extensão em saxofone na Faculdade de Música da Universidade Federal da Bahia entre 1998 e 1999; e fundou a AMBAH (Academia de Música da Bahia), escola especializada no ensino da música popular com enfoque na música da Bahia.
Na Funceb esteve à frente e atuou em diversos projetos de formação musical, como o Programa de Qualificação de Música, o Laboratório de Música Popular (baseado no seu método UPB), o Curso Preparatório de Música e no atual Curso de Música da Funceb, onde começaria a lecionar hoje (27/10) as aulas de UPB (Universo Percussivo Baiano).
A diretora geral da Funceb, Renata Dias, fala sobre o legado de Letieres para o Curso de Música da Funceb: “agora que demos forma ao curso de música com o método criado por ele, o que posso dizer enquanto diretora geral é que vamos nos comprometer com essa permanência e a virtuosidade desse legado que ele deixa. A gente precisa agora articular todos os esforços para que ele continue existindo dentro do nosso Curso de Música, pois o que ele diz por meio da música, é a utopia que a gente precisa respirar.
O método Universo Percussivo Baiano tem como proposta promover uma compreensão crítica a respeito da formação da música brasileira, a partir de uma análise histórica e estudos com vivência de claves e desenhos rítmicos desse universo musical, para torná-las compreensíveis a nível racional e corporal. Letieres idealizou e concebeu também a Orkestra Rumpilezz, em 2006, de percussão e sopros, que conquistou três troféus no Prêmio da Música Brasileira 2017 nas categorias álbum, grupo e arranjador musical.
“Letieres é um intérprete do Brasil e usa a música para falar da sociedade brasileira, dos significados históricos dessa sociedade. Ele é um intelectual orgânico de grande alcance criativo. Em termos de música contemporânea, é uma das maiores perdas da música brasileira. Ele alimentava o próprio conceito, o próprio estilo de música. Isso é, a criação dele afeta artisticamente outros artistas de diversas cenas, nacionais e internacionais. Ele vai continuar existindo para nós, pois a música dele dá o sentido da política pública pras artes, ele é a referência de onde é que a política pública deve estar”, finaliza a diretora geral da Funceb, Renata Dias.