Gil, vida e amor pra você. Por Joatan Nascimento
Amigos, o primeiro show que assisti na vida foi um show do Gil. Obviamente, em Maceió, num ginásio, que se não me falha a memória, era do CRB. Eu conhecia uma ou outra música dele, pelo hábito de ouvir rádio.
Não tínhamos equipamento de som em casa. E se tivéssemos, duvido que Gil seria um cantor por quem meu pai se interessasse no momento.
Pois bem, várias coisas me chamaram a atenção naquele show. A primeira, sem dúvida, foi a vitalidade do Gil. Ele ia lá e cá, incansav…elmente. Fez o público cantar e obedecer aos seus comandos. Todos dançamos!
Reparei que o baixista não estava lá. Por algum motivo, o show correu sem contrabaixo.
Notei também no Repolho, percussionista que trabalhou anos com Gil, e que era um espetáculo à parte.
E reparei muito, também, no Serginho Trombone, meu amigo. Não tenho certeza absoluta, mas me pareceu que só havia ele de sopro naquele show – talvez um sax. Estou falando de 1982/83. Foi a primeira vez que vi e ouvi o Serginho. E como me impressionou!!!
Tive a alegria e a honra de, anos mais tarde e já morando na Bahia, poder tocar com o Gil. Pude senti sua força, sua suavidade, seus olhares e o seu sorriso; pude perceber a sua genialidade equilibrada, a serviço da música e da expressão. Sua generosidade me comoveu, um dia, ao vir pertinho de mim e perguntar, ao pé do ouvido, qual era o meu sobrenome para me apresentar durante um show dele em que toquei, com a sua banda, no antigo Metropolitan, Rio de Janeiro – eu estava acompanhando Daniela Mercury, que foi sua convidada.
Depois, e por influência do amigo Roberto Sant’Ana Sant’Ana,
tive a alegria de ter um pequeno texto dele falando sobre o meu CD “Eu Choro Assim” – Roberto foi o produtor que tornou possível este sonho meu. Um fragmento desse texto está no cartaz de divulgação do disco – muito me honrou e até hoje me emociono quando o leio, afixado no corredor da minha casa.
Gil, assim como Caetano, é tão grande, que tem no agir, no falar e no olhar, um acolhimento que é do tamanho do Universo. Ele é humilde, carinhoso, firme na defesa das suas ideias, culto, generoso, genial. E muito, muito, muito musical! A música é ele, assim como a palavra, a poesia.
Gil, para a eternidade, serei seu servo, seu fã, sua platéia. E se por lá, na eternidade, precisar dos serviços deste pequeno trompetista, você sabe que o terá. Vida e amor pra você!