Inversão de valores – em 4 passos!. Por Claudio Guedes
1. Fosse um país sério, fosse uma justiça que se dá ao respeito, quem deveria ser julgado dia 24/01 é um juiz que se comporta como acusador, que cerceia abertamente o direito de defesa, que revela cumplicidade escandalosa com procuradores e que desdenha dos réus.
2. Leis são feitas por representantes do povo – escolhidos em eleições livres – juízes cumprem e aplicam a lei. Esse é o fundamento de uma república constitucional e do estado de direito. Juízes não podem nem fazer leis, nem as transgredir. O que dizer de um juiz que não respeita o ordenamento jurídico e constitucional do país, que acha que possui o direito de afrontar a lei com base num vago “direito à informação da população”?
3. Fosse uma justiça republicana e respeitável, um magistrado teria que se comportar de forma discreta, irrepreensível e ética. Nunca um juiz poderia ser uma celebridade (sic), arroz de festa de congressos & reuniões de lobbies empresariais e objeto de adulação pela imprensa ideológica, desqualificada, vulgar, tipo Isto É e Veja. Jamais.
4. Juizes possuem carreiras de estado, são super bem pagos, com rendimentos médios de R$ 600.000,00/ano, com férias de 60 dias, com aposentadoria integral, com inúmeros benefícios de carreira, por quê? Porque precisam se dedicar ao trabalho, porque precisam investir na formação intelectual, humanista e jurídica, porque precisam cultivar a discrição na vida pessoal. Um magistrado ser continuamente visto em convescotes com políticos, trocando risinhos, um magistrado que cotidianamente dedica-se a mandar recados a políticos, a membros do poder executivo? O que é isso? Uma inversão de valores. Uma vergonha, um escárnio da noção de magistratura. Um tapa na cara da justiça como instituição de defesa da cidadania e da sociedade. A negação da magistratura como instrumento indispensável à garantia do estado de direito.
Claudio Guedes é Empresário e Professor