IPAC anuncia revalidação de festa de 376 anos no Centro Antigo de Salvador
A devoção e Festa de Santa Bárbara que acontece há 376 anos – desde 1641 –, sempre no dia 4 de dezembro, no Centro Antigo de Salvador, está revalidada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Isso significa que a manifestação continuará com o título de Patrimônio Imaterial da Bahia por mais cinco anos.
“Em obediência à Lei n°8.895/2003 e ao Decreto Estadual nº10.039/2006 que regulamenta a lei, a cada cinco anos, nos dispomos a reavaliar e revalidar os patrimônios imateriais baianos titulados via decreto do governador”, explica o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira. Ele lembra que as manifestações populares são um bem imaterial de um povo que preserva sua cultura e reforça sua identidade.
“No entanto, ao contrário dos bens materiais, como edificações e obras de arte, o bem imaterial é dinâmico, vivo e está em constante transformação”, diz. As modificações podem ser em função das gerações que produzem ao longo dos anos ou por motivos econômico-financeiros, de geografia humana e contingenciamentos externos. “Além de atendermos a lei, observamos se ocorrem interferências externas que possam alterar a tradição”, completa João Carlos.
Antropólogos, sociólogos, historiadores e fotógrafos, vinham trabalhando com extenso conteúdo captado durantes as festas de 2015 e 2016. “O percurso da fé continua o mesmo, com mesmas características que mantêm viva a tradição e a devoção, iguais ao ano de 2008, quando o Instituto construiu o dossiê que permitiu o título de bem cultural intangível”, diz o diretor de Preservação do Patrimônio do IPAC, Roberto Pellegrino.
ENTREVISTAS e LIVRO de CELEBRAÇÕES – “Além de entrevistas e visitas à festa, ouvimos integrantes da Irmandade do Rosário dos Pretos, do Centro de Culturas Populares e Identitárias, no Pelourinho”, completa a gerente de Patrimônio Imaterial do IPAC, Nívea Santos. Ela informa que foram entrevistados ainda membros do Corpo de Bombeiros, Mercado de Santa Bárbara (Baixa dos Sapateiros) e da Igreja de Santa Bárbara (Liberdade). “Com reavaliação confirmamos a continuidade das dinâmicas e elementos que deram à festa o título de Patrimônio Cultural Imaterial e a sua inscrição no Livro de Registro Especial de Eventos e Celebrações”, afirma Nívea.
Iniciada na Cidade Baixa, no antigo Morgado de Santa Bárbara, em 1641, no bairro do Comércio, a devoção foi trazida para a Cidade Alta no século XIX, onde é realizada até hoje. “A manifestação continua como grande evento religioso e como referencial cultural-identitário para muitos baianos”, comenta socióloga do IPAC, Gilda Silva, responsável pelos estudos da revalidação. Depois da missa campal, o percurso se inicia no Largo do Pelourinho e Rua João de Deus, seguindo pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Rua da Misericórdia, Ladeira da Praça, parando no quartel dos Bombeiros, chegando até o Mercado e finalizando na Igreja do Rosário dos Pretos.