Lula, mais uma vez. Por Claudio Guedes
A esquerda brasileira tem uma propensão forte ao suicídio, não sem antes buscar a autoimolação. Quem não ouviu falar de 1935? A fracassada e bisonha tentativa de golpear o governo de Getúlio Vargas – governo que carecia de legitimidade, é verdade, mas que possuía forte apoio popular – a partir de uma clássica “quartelada”.
E em 1963? A direita se organizando, tramando, preparando o bote para usurpar o poder que lhe tinha sido negado nas eleições de 1950, 54, 58 e 62 (Jânio apesar de ter sido apoiado por parte das forças conservadores, era mais um populista que um reacionário direitista), e a esquerda batendo duro em Jango Goulart, que fazia um governo democrático, popular e generoso com o “andar de baixo”.
E nos anos 70? Com a maluquice de alguns bem intencionados, porém ingênuos e voluntariosos, em partir para a luta armada (sic) contra um regime ditatorial que tinha apoio integral das forças armadas e respaldo da maioria do país?
E agora? No momento que as forças conservadoras, liberais e reacionárias se uniram para usurpar o poder que as urnas lhe negaram em 2002, 2006, 2010 e 2014, e enfiam goela abaixo da nação um programa de governo sem aprovação do povo, mais uma vez a esquerda fica buscando picuinhas em vez de cerrar fileiras, de forma unitária, contra a reação conservadora que é avassaladora.
A onda agora, por parte de alguns grupos da esquerda, é constranger Lula. Caçado implacavelmente pela direita, que para deter o líder popular buscou apoio até no judiciário partidarizado e servil aos desejos dos adversários políticos do PT, é agora questionado seguidamente por declarações e por companhias que recebe no seu palanque na sua busca de um espaço nas ruas, junto ao povo.
É muita burrice para o meu gosto.
Lula é um líder popular. O único hoje capaz de liderar a reação ao conservadorismo em marcha, que almeja a regressão do país em termos da política de distribuição de renda que tivemos nos últimos 15 anos – ainda que tímida, trouxe alguns bons resultados – e que busca o cerceamento das liberdades políticas & públicas e dos direitos conquistados pelas minorias.
As forças de direita se aglutinaram: conservadores, liberais, reacionários, oportunistas, vigaristas e corruptos. Estão juntos. Para exercerem o poder. Para impor suas concepções de estado e de sociedade.
Você, meu parceiro no campo da esquerda, não consegue enxergar os grandes movimentos políticos em curso?
Desculpe a franqueza, mas você é burro. Como você é burro. Você é muito burro.