Aldeia Nagô
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Meu amigo conservador de direita. Por Wilson Gomes

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Conversei, neste final de semana, com um sujeito que se autodefinia como conservador de direita. Está feliz e animado com a candidatura de Bolsonaro, não acredita em Temer e admite tranquilamente que toda aquela mobilização de 2015-2016 não teve qualquer coisa a ver com corrupção.

Acha que a candidatura de Bolsonaro está crescendo e que isso está deixando a elite, inclusive a elite midiática, furiosa. O que é muito bom e um sinal de que “o mito” está no caminho certo. Acha que assim que a candidatura de Lula for definitivamente impedida, não haverá outra força política a conter o seu candidato.

Quando lhe contestei que, a rigor, Bolsonaro não tem muita coisa da direita republicana, como o antiestatismo, políticas de austeridade fiscal e ênfase na liberdade dos mercados, chegamos à conclusão de que o que lhe interessa é o conservadorismo moral e a sua posição autoritária sobre lei & ordem. 
A pauta eleitoral do meu coleguinha da direita conservadora é segurança pública, a certeza de que uma mão forte do Estado pode resolver o problema e a convicção de que apenas Bolsonaro pode prometer uma alternativa crível neste sentido.

A direita conservadora não confia na direita liberal nem pensa em aliar-se a ela. Quer um Estado grande e forte, governado com pulso firme e o fim do estado geral de baderna em que o país se meteu. Inclusive o fim da “confusão moral” produzida pelo avanço de direitos dos homossexuais e pela “ideologia de gênero”.

A julgar pelo bróder, a direita conservadora é muito sensível ao argumento do “pânico moral” causado por uma sociedade mais pluralista, mais diversa e menos dogmática, lida por eles como uma sociedade desordenada e instável. 
É neste contexto que palavras, que em mim provocam risos de desdenho, como “comunismo”, “ideologia de gênero”, “feminazismo”, “gayzismo” e outras são levadas muito a sério para dar nome e forma ao monstro moral que os assusta.

Reforma da previdência? Reforma trabalhista? Reforma política? Os temas “previdência”, “trabalho” e “sistema político” não têm a menor importância, mas lhes interesse reformar, sim, tudo o que lhes parece criado pelos governos do PT ou pela hegemonia moral (de esquerda) que dominava o Brasil até o início da grande faxina moral em 2015. 
“Democracia”, em um sentido pregnante e exigente, não lhes diz nada, assim como “direitos e garantias individuais”, “Estado de Direito”, “soberania popular” são apenas palavras grandes e insignificantes. 
Trocam tudo isso fácil por segurança pública, lei, ordem, organização, nacionalismo. A direita conservadora não gosta de política nem de políticos.

Pelo menos, “desses políticos que estão aí”. Mas quer bancadas fortes de pessoas conservadoras para acelerar a demolição “cultural” do legado petista, que eles entendem basicamente como uma baderna moral. 
E aprecia uma posição autoritária. 
Agora, enfim, tem o seu representante, o seu campeão, com, acredita, chances efetivas de vitória. Apenas o fato de ele já estar incomodando aos comunistas da Globo e da Folha e, sobretudo, dando úlceras nas pessoas de esquerda, já é uma revanche saboreada com prazer.”

Wilson Gomes é professor da UFBa/Facom

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