Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

Minha cabeça não deixa a cidade dormir Por Franciel Cruz

2 minutos de leituraModo Leitura
Franciel-Cruz

Há poucos instantes, adentrei no glorioso Sussuarana-R2 na inseparável companhia daquela ancestral ressaca dos 600 DEMÔNHOS. Até aí, nenhuma novidade. Porém, grórias grorificadas, consegui o impossível: uma cadeira pra esparramar o cansaço.

Sim, minha comadre, para que a senhora não me acuse de mentiroso, já que é mais fácil acertar os números da mega do que conseguir um assento no referido buzão, devo informar, por amor à verdade, que era aquela cadeira lá do fundão, bem perto do pneu, que quando passa nos tradicionais buracos da cidade fode não só a hérnia de disco, mas a discoteca toda.

Porém, não sou mal agradecido. Ocupei o lugar com orgulho e gratidão, como se tivesse usufruindo um daqueles dois únicos assentos acolchoados do meio do veículo. Assim, ato contínuo, me entreguei logo ao sono dos justos.

E veja como deus é bom pra mim. Do nada, a menina Scarlett, sim, ela mesmo, a Johansson, adentrou o buzu, digo, no meu sonho, e já me olhava com aquele olhar de soslaio, coisa de botar Capitu no chinelo…mas aí ouvi o seguinte grito.

“EU TÔ AQUI COM A SERINGA DA MORTE”.

(PQP O REVERTÉRIO!!!)

Num esforço hercúleo, levantei as pesadas pálpebras e vi um sujeito com o referido e perigoso artefato em mãos e, constatei, uma vez mais, que alegria de desvalido é mais curta do que a indumentária da moça do gerasamba

Futurista e conformado, já pensava em ver meu próprio corpo sendo retalhado no Instituto Médico Legal quando o desgraçado largou.

“Tenha sua calma. A agulha aqui é pra matar barata. Tenho também o pó da morte que é pra assassinar rato”.

Sim, era um vendedor ambulante, mais um, da Bahia, querendo ser engraçado.

Óbvio que, depois do susto monumental, ninguém comprou porra de nada.

Então, o gaiato continua a bradar.

“Vou descer, pois, pelo visto, como ninguém quer meus produtos, tô achando que todo mundo aqui mora no Caminho das Árvores ou no Itaigara e num tem rato nem barata em casa”.

É graça uma porra desta? Não, não é. Aliás, é. É isso. Baiano é aquele sujeito que nunca sabe onde começa a irreverência e termina a presepada e vice-versa.

Motô, disgrama, olha o ponto.

Franciel Cruz é Jornalista

Compartilhar:

Mais lidas