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Monumentos históricos são palco para artistas do Balé Jovem de Salvador

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Integrando a programação especial de comemoração de 10 anos de existência, o Balé Jovem de Salvador apresenta o projeto NOCORPODACIDADE, uma proposta artística que convida a cidade de Salvador a celebrar essa trajetória, focada na formação de jovens para o mercado de trabalho da dança.

Dentro do programa da Jornada de Dança da Bahia, o Balé Jovem de Salvador estreou o projeto NOCORPODACIDADE, no dia 13 de novembro, com performances no Chafariz da Cabocla, Largo dos Aflitos, de onde seguiu para o Caboclo Dois de Julho, na Praça do Campo Grande. O projeto foi contemplado pelo edital Arte Todo Dia – Ano III, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador.

Amanhã (17) o Monumento da Cruz Caída será palco de mais uma saudação que se estende, no sábado (18), ao Monumento a Maria Quitéria. O Largo da Soledade será o grande encerramento no dia 20 de novembro (segunda-feira), onde a companhia se despede no Monumento a Castro Alves, na praça homônima.

Os monumentos serviram de estímulo para cada criação, considerando sua história, memória, sua relação com a arquitetura da cidade e valorização do espaço público onde se encontram. “Considerando um corpo e suas marcas, cicatrizes que surgem pelo tempo, olhamos para a cidade e através de suas “tatuagens” pretendemos construir uma narrativa atualizada da importância do patrimônio material como legado fundamental para o entendimento de cidade, que através da dança ganha novas conotações”, explica o diretor do Balé Jovem de Salvador, Matias Santiago.

Todo o processo de criação contou com a participação de um historiador que contribuiu de forma pedagógica no trabalho, trazendo conhecimentos da história para os jovens participantes. “Este cruzamento pedagógico entre Patrimônio e Dança foi de fundamental importância para a percepção e entendimento de pertencimento de uma cidade, suas implicações e responsabilidades com o espaço público, agora representado de maneira lúdica e contemporânea, contextualizando estes marcos da cidade com os dias atuais”, diz Santiago. Todas as performances são fruto de criações coletivas que contaram com a contribuição de todo o elenco.

O bailarino Igor Vogada aponta como fonte de inspiração para a instalação artística da Cruz Caída outros trabalhos do artista Mário Cravo. “A concepção foi pensada além da Cruz Caída, levando em conta também as demais obras do Mario Cravo, em como são utilizadas as formas geométricas, as posições dos monumentos. Trazer isso para uma instalação foi pensando basicamente nos corpos baianos. Corpos subindo ladeira. Pensei nos corpos que são diversos”.

Sobre a instalação artística do Caboclo Dois de Julho, no Largo do Campo Grande, a bailarina Carolina Miranda conta que a ideia foi construir um jogo de tablado. “Onde sua partida se inicia durante a luz do dia e se finda sob as estrelas, revelando do pobre ao rico que tem na cidade, e que tem em cada um de nós. Que conte nossa história e revele quem é o povo de luta. Caboclo! Nativos da terra”.

Sobre sua experiência com monumentos da cidade, ela admite nunca ter desenvolvido nenhum trabalho nesse sentido. “Nunca antes havia realizado um trabalho onde o eixo central viesse tratar de um monumento ou até mesmo sobre a arquitetura da cidade. No entanto, vejo que em muito dos meus trabalhos me direciono a um conviver em comunidade, um olhar para o tempo do indivíduo, do outro, do coletivo e da conjuntura”.

BJS – 10 anos

O projeto NOCORPODACIDADE integra a programação especial de celebração dos 10 anos de criação do Balé Jovem de Salvador. Nos meses de setembro e outubro deste ano, a companhia realizou o espetáculo Solos Baianos Ano II, uma iniciativa do diretor da companhia Matias Santiago que traz como proposta a retroalimentação da cadeia produtiva da dança, promovendo o diálogo entre bailarinos e coreógrafos já experientes com jovens bailarinos em ascensão.

Histórico

Criado em 2007 por Matias Santiago, o Balé Jovem de Salvador é uma companhia de dança juvenil com o propósito de promover a capacitação profissional de bailarinos egressos das escolas e academias da cidade e do interior da Bahia, contribuindo para a promoção dos jovens artistas locais no mercado de trabalho da dança. O BJS também contribui com o desenvolvimento da cena artística local ao promover a qualificação técnica e estética dos novos agentes da dança, no que compete à ampliação da economia criativa e também do público apreciador desta linguagem.

 

As atividades de formação promovidas pelo BJS consistem em aulas abertas de diferentes técnicas em dança, com grandes professores, parceiros e convidados, nacionais e internacionais, além de ensaios de manutenção de repertório e processos criativos internos, realização de temporadas de espetáculos e também projetos de pesquisa e circulação de trabalhos da companhia.

 

O BJS já realizou inúmeras apresentações em Salvador (Teatro Sesc-Senac Pelourinho, Teatro Jorge Amado, Espaço Xisto Bahia, Mostra Tabuleiro da Dança, Teatro do ISBA e Teatro Castro Alves) e em cidades do interior do estado da Bahia.

 

Em 2014, a companhia foi contemplada pelo edital Arte em Toda Parte – Ano I e realizou o Conexão Barroquinha, projeto de criação de novas coreografias e remontagens, realização de workshops e temporada de seis apresentações no Espaço Cultural Barroquinha, em Salvador.

 

Em 2015, a companhia foi novamente contemplada pelo edital municipal, desta vez para execução do Conexão Bairros, um desdobramento do projeto anterior e que, dessa vez, levou as coreografias para praças públicas dos bairros do Cabula, Cajazeiras, Pirajá e Periperi, em Salvador. No mesmo ano, o BJS estreou Bantu, uma leitura contemporânea do legado dos povos bantos que chegaram ao Brasil e suas contribuições para a gênese brasileira. A montagem estreou em Salvador e foi apresentada em Pelotas (RS).

Também em 2015, o BJS estreou no Teatro Gregório de Mattos, dentro do projeto Cena, Som & Fúria, o espetáculo Na Bahia de SmeTAK, junção de duas obras do repertório do BJS, que propõem o diálogo entre cena e som de maneiras distintas: em Na Bahia, o som das ruas e festas de Salvador gera estados de corpos que interagem com a arquitetura, o espaço e a temperatura da cidade; em TAK, a inventividade musical de Walter Smetak surge como pressuposto para a cena, numa tradução física dos conceitos criados e trabalhados pelo compositor e professor. Em maio de 2016, o espetáculo integrou a programação do projeto Bahias Intemporais, no Cine-Teatro Solar Boa Vista, em Salvador.

 

 

Programa – NOCORPODACIDADE

Dia 13 – Abertura do projeto com as instalações no Chafariz da Cabocla – Largo dos Aflitos, seguindo para o Caboclo Dois de Julho – Praça Campo Grande – dentro da programação da Jornada de Dança da Bahia às 17h.

Dia 17 – Instalação na Cruz Caída – 16h.

Dia 18 – Instalação Maria Quitéria – Largo da Soledade – 16h.

Dia 20 – Instalação Castro Alves – Praça Castro Alves – 16h.

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