Moro X Lula. Por Cláudio Guedes
Aconteceu o esperado. Não é, nem nunca foi, uma questão apenas jurídica. Qualquer juiz minimamente sério e não comprometido politicamente teria mandado ao arquivo a denúncia do MPF no caso do triplex do Guarujá.
Por quê? Simplesmente porque a “prova” da propina não está nem em nome (escritura), nem em posse, do acusado. Propina paga quatro anos após o encerramento do mandato? Seria um caso único no mundo.
Acabei de ler as partes mais relevantes da sentença. Uma aula do não-direito, do poder de um magistrado que se comportou durante todo o processo como um acusador, a peça é um monstrengo disforme.
A questão Moro X Lula, da qual assistimos apenas o fechamento do primeiro capítulo, é uma questão política.
Moro não é um juiz de primeira instância, é um instrumento político de um conjunto de forças políticas e econômicas relevantes na sociedade brasileira. Entretanto parte dos seus aliados e correligionários está sendo desmascarada. Aos poucos, mas o processo de desnudamento dos políticos tucanos e aliados está em curso.
Lula é um político, um dos maiores lideres populares do mundo contemporâneo. Seu partido cometeu erros graves enquanto no poder. Mas os erros não apagam as grandes contribuições ao país nas políticas distributivistas e na garantia da democracia que floresceu nos seus mandatos na presidência da República, com políticas inclusivas e em defesa das minorias historicamente segregadas.
A luta entre os dois de certa forma definirá o futuro do país.
Há poucos espaços para recuos. O que poderá ser um problema, pois situações de divisão profunda têm levado vários países no mundo moderno à desagregação moral e social.
Não sei como a questão Moro X Lula será resolvida. Mas vai se resolver politicamente. Na opinião pública, nas esferas da alta justiça & da política, nas ruas e na rinha.
Cláudio Guedes é professor e empresário