No que acreditamos? Como desvendar mentiras. Por Gustavo Gollo
Tendo vivido enganado por 15 anos, a descoberta das implosões das torres de Nova Iorque me obriga a tentar descobrir o que nos leva a compartilhar determinadas crenças, e a buscar maneiras de detectar mentiras. As conclusões não são animadoras, mas prometem esperança.
Acreditamos hoje no que acreditávamos ontem, somos conservadores. A constatação parece natural e sensata, devemos ter uma boa razão para abandonar nossas crenças e não ficar mudando nossas convicções a esmo, tresloucadamente. Desse modo, o hábito e o costume determinam, em larga medida, aquilo em que acreditamos.
Mas eventualmente podemos mudar de ideia. Quando isso costuma ocorrer? Quando outros à nossa volta também mudam de ideia; funciona assim: compartilhamos determinadas crenças com as pessoas ao redor; cada grupo mantém certas similaridades, sendo a principal delas seu conjunto de crenças comuns. A admissão de crenças alternativas tende a isolar do grupo aquele que as professa, de modo que cada grupo mantém um conjunto uniforme de crenças.
Ao se deparar com novas informações, os indivíduos as filtram, absorvendo algumas delas em consonância, uns com os outros, dentro de cada grupo. As interações sociais funcionam como equalizadores das crenças, homogeneizando as convicções do grupo. Crenças destoantes permitem o exercício de poder no grupo, quando os de mais alta hierarquia, os líderes do grupo, impõem suas convicções aos demais, extirpando opiniões contrárias. Crenças alternativas são extirpadas do grupo, sob o risco de promover sua cisão. Grupos costumam ser definidos pelas crenças compartilhadas por seus membros. A filtragem e absorção de novas crenças corresponde a esse processo de homogeneização, quando as informações captadas por cada membro do grupo são expostas e analisadas pelo conjunto, definindo-se quais devam ser aceitas. Uma das características validadoras da informação é sua origem: “quem disse isso?” – foi Fulano, o líder do grupo! Tal resposta tem um alto poder de validação da informação, já que o líder é, por definição, o principal validador de informações do grupo. Pode-se responder também: – “foi tal cara da TV”, ou – “li em um livro”; em tais casos, costuma haver uma valoração prévia da fonte alegada. A hierarquia em cada grupo corresponde ao poder de validação das crenças dentro dele. Novas informações devem ser repassadas ao grupo, sendo absorvidas, ou não, pelo conjunto. Negar a autoridade do grupo, admitindo crenças alternativas é punido com o isolamento, rebaixamento na hierarquia, e eventual exclusão do grupo.
Assim, ao se deparar com uma nova informação, o indivíduo deve repassá-la ao grupo para análise e, só então, absorvê-la, ou não, conjuntamente com o grupo. Desse modo, ao receber qualquer nova informação o indivíduo pergunta ao grupo se pode, ou não, aceitá-la; isso é especialmente relevante no caso de informações destoantes, as que contradizem crenças prévias, ou que não se coadunam com elas. Informações usuais, simplesmente, complementam as anteriores e são avaliadas, normalmente, conforme a origem: determinado grupo sabe que, por exemplo, certo apresentador da TV tem credibilidade no grupo, de modo que suas informações devem ser aceitas.
Ou seja, a principal forma de aquisição de crenças consiste em sujeitar as informações recebidas ao crivo do grupo; perguntamos, usualmente, em quê o grupo acredita, e aceitamos, ou não, as informações que se encaixam nisso.
Funcionamos assim, quase todos nós, a maioria do tempo, desse modo completamente irracional, utilizando um sistema grupal de determinação de crenças. Acreditamos naquilo que os outros acreditam, não levando em conta os motivos racionais para as crenças.
Vivemos em um mundo simbólico constituído por crenças; instituições, por exemplo, não passam de crenças. Para se avaliar a importância das crenças, podemos pensar, por exemplo, no valor do dinheiro, essa abstração que guia quase todas as nossas vidas, e que consiste apenas em uma crença compartilhada por um grande grupo. (No Brasil, formamos um imenso rebanho radicalmente homogeneizado pela TV).
Frequentemente, no entanto, é possível, alternativamente, utilizar um sistema racional de validação de crenças. Tal sistema consiste na avaliação racional das informações, baseada em raciocínios. Isso consiste em avaliar a admissibilidade de novas crenças com base em sua coerência com crenças anteriormente admitidas. A racionalidade impõe o encaixe de novas crenças às antigas, e não ao grupo: novas crenças devem se encaixar nas antigas, formando um complexo coerente; isso contrasta com a maneira usual de validação de informações e admissão de crenças através da aceitação grupal; trata-se de uma alternativa ao critério de coerência com o grupo. Em um caso, são aceitas as informações que se encaixam umas às outras; em outro caso são aceitas pelo indivíduo as que são aceitas pelo grupo.
Analisemos um caso exemplar: o desmoronamento das torres ocorrido 15 anos atrás, no episódio denominado “11 de setembro”, quando 3 torres imensas foram demolidas por 2 aviões.
A internet propicia um vasto manancial de informações sobre o caso, disponível a todos. As informações não foram ocultadas, foram apenas desacreditadas; receberam o rótulo de “conspiração”, o que equivale, para a maioria, à completa desvalorização da informação, a seu rebaixamento à categoria de “ficção idiota”, ou algo análogo; categoria baixíssima na hierarquia da maioria dos grupos. Tal rótulo costuma ser suficiente para descartar a informação, sugerindo não serem necessárias análises adicionais. O eventual recebimento de informações marcadas com tal rótulo tende a transformá-las, de antemão, em uma espécie de ficção, inverossímil e risível.
Aquele que se atrever, no entanto, a avaliar as informações disponíveis na rede sobre a implosão das torres, ficará surpreso com a incoerência absurda das informações oficiais, em especial, ao considerar as informações sobre a torre 7, a terceira implodida no dia, oficialmente, em decorrência de um incêndio, sendo essas 3 as únicas construções do tipo já demolidas por incêndios. Os desmoronamentos surpreendentes ocorreram de maneira perfeitamente simétrica, como nas implosões.
Mas, o que fazer ao colher tais informações?
A maioria repetirá essa pergunta aos grupos aos quais pertence, pedindo permissão para a aceitação da informação coerente e convincente encontrada. Poucas pessoas serão capazes assumir uma opinião própria, independente do grupo. A maioria dos grupos, por sua vez, condenará tal aceitação, mesmo que seus participantes não possuam informações sobre o caso. Bastará para isso que o grupo tenha classificado a crença como “conspiração”. Tendo atribuído esse rótulo ao caso, a crença passa a ser, automaticamente, ridicularizada.
Mas, o que são conspirações? Conspirações são todas as crenças contrárias às informações veiculadas pela TV!
Note que essa sistemática de validação atribui o status de verdade a qualquer informação repetida na TV, e impede a aceitação de qualquer crença que a contradiga, mesmo que existam provas claras a favor da versão alternativa.
Sob tal determinação, na maioria dos casos, os grupos condenam a informação mesmo que seus membros nada saibam sobre o caso; considerando tratar-se de uma “conspiração”, a questão fica encerrada, impedindo, assim, a aceitação de qualquer crença contrária ao que seja veiculado pela TV. Desse modo, a maioria das pessoas optará por continuar iludida, independente da imperatividade das provas disponíveis em profusão na rede. Poucos se atreverão a assumir sua própria avaliação racional dos fatos.
No caso das torres, aliás, a razão exporá o descaramento da farsa imensa, a impudicícia deslavada da maior tramoia já apresentada publicamente.
A constatação não é simples, é imperioso conceder. A revelação da farsa impõe a conclusão de que vivemos sob o governo de bandidos da mais descarada estirpe, de velhacos ousadíssimos capazes de nos fazer de idiotas, o mundo inteiro, durante décadas.
Os 15 anos de enganação constatados com a revelação do embuste permitirão, em seguida, estender a compreensão da tramoia por mais um século, e na sequência, expor uma vasta trama, milenar, que vem acompanhando o poder central desde tempos imemoriais.
Individualmente, para cada um de nós, a revelação será brutal, abalando todas as nossas crenças, abatendo nossa ingenuidade.
Cai o pano
O deslinde da artimanha, seu esclarecimento, é de uma simplicidade inusitada: embora nos suponhamos racionais, louvamos as repetições; compartilhamos nossas crenças e cremos naquilo que ouvimos repetidamente, e que também repetimos como papagaios. Tendo controlado a TV e os meios de comunicação em geral, tem bastado aos pilantras impelir suas marionetes, os apresentadores de TV, a cumprir o roteiro para o qual foram adestrados e tão bem conhecem, repetindo as notícias consonantes com os propósitos de seus patrocinadores, os próprios farsantes; apenas isso. Difícil engolir que tamanha sordidez decorra de tão singela simplicidade.
Esse vídeo é um bom começo para o esclarecimento:
Artigo publicado originalmente em http://jornalggn.com.br/fora-pauta/gustavo-gollo-no-que-acreditamos-como-desvendar-mentiras