Que Deus o acolha e o bote no colo Gurgel. Por Fernanda Maria Tourinho |
Sex, 22 de Dezembro de 2017 01:00 |
Tudo era demasiado e tínhamos tempo suficiente para aprofundarmos qualquer coisa. Horas discutindo um filme, outras tantas lambendo poemas, virando as canções. Tínhamos muito tempo livre para falar de nós, gostos, dores, talentos, traumas, sonhos, amores. Gurgel era poeta e me apresentou Florbela Espanca. Gostava da morbidez e da beleza. Ele mesmo, mórbido e incrivelmente lindo. Inquieto. Dramático como bom canceriano. Muitas gargalhadas eu dei com seu humor cruel, mas cheio de inteligência e rapidez. Um menino. Gurgel foi para sempre um menino. De uma carência infinita e um devaneio sem fim. Queria que o mundo lhe coubesse e fosse em tons pasteis. Mas nunca entendeu que tudo começa e termina dentro de nós mesmos. O segredo de tudo. Convido a todos para visitar quando em vez a pagina dele aqui no face. Não tem postagens do seu cotidiano, o que comia, bebia, dançava ou ria. É um face de arte, um face onírico. Como um livro ilustrado. Transborda conhecimento e talento. Vale a fruição. |
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |