Veja bem, você que defende intervenção militar mora em uma favela? Tem amizades na favela? Dialoga com a favela? Você é preta? Pois bem, vem aqui que vou te contar uma coisa.

Nós, pessoas periféricas, EU, que moro em Beiru, periferia de Salvador Bahia podemos afirmar veementemente que não nos sentimos seguras com a presença militar! Ao descer do ônibus e nos depararmos com policiais de capuz na entrada da ladeira, a gente fica parado onde está, não sabe se desce ou entra em um estabelecimento e não tem como prever se vai ter confronto! Quem defende intervenção militar, não sabe o que é chegar dez horas da faculdade, ver sua rua tomada de policiais fortemente armados e descer a ladeira correndo com o coração saindo pela boca. Quem defende intervenção militar, não sabe o que é sua mãe que está em casa te ligar, pedindo que não demore e se possível durma na casa de alguma colega, porque o bicho tá pegando. Não sabe o que é pular da cama e se abaixar atrás da geladeira até que o confronto acabe, na esperança de que as balas não ultrapassem a lataria do eletro. Contudo, não estou aqui dizendo que a polícia não é necessária, mas que quando chega nesse patamar de intervenção fios, muita coisa já aconteceu antes e ninguém nem você que adora escrever bosta na internet fez nada!

Nessa guerra hipócrita, as armas e as drogas já entraram, o Estado já se ausentou das suas diversas políticas (saúde, educação, lazer, assistência social, emprego), pra depois vir justificar intervenção fajuta? E pra justificar ainda mais vendas de armas e balas, alimentando o grande comércio dos políticos e por a culpa em preto pobre? Se a intervenção é o que resolve, porque o tráfico de drogas só aumenta? Como essas drogas chegam nas favelas se não são legalizadas.? Pelo amor, para de discutir o caralho das coisas pela metade, da sua bolha e sem conhecimento de causa, velho. Tá mais que sabido que uma das soluções se encontra na legalização, pois se assim for, ninguém vai precisar traficar algo que é legal, assim como os tegretol que vocês tomam e as cervejas dos fds. Vão ler uma desgraça de um artigo sobre, assistir o Poderoso Chefão, sair do Netflix e para de fazer pessoas que querem de fato uma mudança passarem raiva ou morrerem como Marielle!

Laíse Neres é Professora de Sociologia e Gestora Pública

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