Sem desespero. Por Claudio Guedes |
Sáb, 28 de Abril de 2018 19:08 |
A judicialização da política avança, ainda. Mas em ritmo mais lento e começou a sofrer sérios reveses. O imperador do judiciário brasileiro, o juiz de 1° Instância de Curitiba, e sua guarda de procuradores e policiais federais, que assumiram o papel - não lhes concedido pelas leis, nem pela Constituição - de justiceiros, começam a enfrentar questionamentos de setores que até então os endeusavam. É luta sempre. Justiceiros, oportunistas e vigaristas se uniram no país para desafiar o estado de direito. Ninguém honesto no país é contra o combate à corrupção, ação que deve ser permanente das forças policiais e do poder judiciário. Entretanto todos minimamente inteligentes sabem que sob o manto do "combate à corrupção" se escondem interesses políticos particulares e visões autoritárias incompatíveis com a democracia e com a defesa dos direitos e garantias da cidadania. "Mas cada sombra em última análise também é filha da luz." A frase é de Stefan Zwieg, o escritor e intelectual austríaco (1881-1941). A escolhi de propósito, para defender o meu ponto de vista, que devemos sempre afastar o desespero, o ceticismo, a desesperança. A escolha pode e parece ser contraditória já que Zweig, judeu perseguido implacavelmente pelos nazistas que anexaram sua pátria na escalada autoritária e violenta que descambou na 2° Grande Guerra, mesmo tendo buscado um refúgio seguro no Brasil - veio viver na calma e bucólica Petrópolis - acabou desistindo. Na sua última manifestação ao mundo, na "declaração" que deixou ao lado da cama onde ele e sua mulher, Lotte, consumaram o suicídio, pode-se ler: "Saúdo a todos os meus amigos. Que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite. Eu, demasiado impaciente, vou-me antes." Stefan Zwieg tinha 60 anos de idade, deixou o mundo em 22 de fevereiro de 1941. Era um dos grandes homens de letras do seu tempo. Nas décadas de 1920/30, seus títulos publicados na Europa e nos Estados Unidos somavam milhões de exemplares e ele se tornou o escritor mais lido do mundo. Poderia ter sido um pouco mais paciente. Horrorizado com a guerra que devastava a Europa, onde tinha suas profundas raízes, perdeu a esperança. Tivesse resistido apenas um pouco mais tinha visto a derrota do autoritarismo, da violência, da barbárie nazi-fascista. Apenas dois anos após a sua morte, em 02 de fevereiro de 1943, os soviéticos mudavam o rumo da guerra ao derrotar o poderoso exército alemão na batalha de Stalingrado, abrindo caminho para a derrota final do III Reich. Às vezes é preciso paciência. Claudio Guedes é empresário e professor |
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