Salvador, 01 de July de 2024
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E la nave va. Por Marconi Arap
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Dom, 15 de Julho de 2018 06:27

Marconi_ArapQuando eu tinha 19 fiz vestibular e não passei. Na época pra mim só seria possível fazer faculdade pública. A gente não tinha dinheiro pra isso de fazer faculdade particular. Lembro da minha mãe: "Filho de pobre só estuda até o segundo grau.

Faculdade é pra rico". Não. Ela não era ignorante. Essa era a vertente de pensamento no inicio dos 90, pra gente batalhadora da nossa cidade baixa.

Depois do meu fracasso no vestibular me senti péssimo: "Como pude ter sido estudante a vida inteira e não passar no vestibular?" Eu sempre fui um aluno aplicado, ainda que a minha dedicação não refletisse as notas. 

No meio do vácuo, sem direito a plano b, pensei: "que é que eu vou fazer agora?" Não sabia fazer nada! Meu curso fora o 'científico' na minha escola não havia curso técnico. Estava perdido. Minha mãe ficou de ver se conseguia alguma vaga de oficebói em algumas das empresas que ela era contadora. Enquanto ela não conseguia eu cuidava da casa, olhava os mais novos (maneira de dizer, eles se viravam bem) mas ainda sobrava um tempo enorme pr'um adolescente sem namorada. 

Me matriculei no teatro para matar o tempo e arrumar uma namorada. Jamais sequer havia ido a um teatro, assistir uma peça. Fui. 

Meu mundo mudou. 

Não sabia que existia a área que me fazia sonhar em me tornar profissional: algo que mexesse com o corpo e que fosse ligado à política. Eram as artes cênicas. O teatro. 

Minha mãe era contra. Muito contra. 

Eu tinha lá uma máquina de caldo de cana e com essa atividade tinha grana pra pegar buzu e lanchar no cursinho que só tive condições de fazer até junho. Não tinha grana pra pagar.
Lembro do valor. 150 Cruzeiros Reais. O valor de um salário mínimo, na época. Continuei no teatro escondido da mãe. Arrumei uma namorada. 

Final do ano fiz vestibular. Passei nas duas públicas: UFBA, Nutrição e UNEB, Contábeis. Não tinha como fazer teatro sem o apoio da família. Desisti.

Fiz Contábeis na UNEB porque era no turno noturno e eu poderia trabalhar de dia. Beto Laplane, um dos meus professores de teatro me levou para a empresa para a qual trabalhava.

Meu primeiro emprego no qual fiquei muitos anos. 

Faltava 1 ano pra terminar contábeis eu era noivo de uma outra namorada que o teatro me apresentou e tinha um lindo fusquinha, comprado com o suor de muito trabalho. Fiz concurso pra ser funcionário da prefeitura de Salvador. 

Tava tudo se encaixando, indo direitinho mas eu tava infeliz. Depois um susto. Na verdade um alarme falso com nome curto: HIV+. Depois da contraprova e finalmente relaxar refleti sobre a vida que tava levando e pouco depois desisti de tudo. 

Foi nesse ambiente que com 24 anos eu entrei para a Escola de Teatro.
Parei de pensar no futuro e passei a valorizar o presente. Pedi pra sair da prefeitura, vendi o fusca, terminamos o noivado e me tornei profissional de teatro em 1998. Há 20 anos. 

Há 20 anos só faço teatro e jamais poderia pensar que chegaria tão longe! Não poderia imaginar que financiaria nosso ap. e que voltaria a ter carro, que me casaria com uma atriz e que com ela conquistaria essas coisas. Fomos além: tivemos uma filha linda, inteligente, maravilhosa e como se não bastasse depois de tantas vitorias que não cabem nesse post - que viajaríamos para a europa com a grana poupada por anos demonstrando que disciplina, foco no trabalho, dedicação irredutível, não importa a área que se opte trabalhar, é possivel realizar sonhos. (Ah, jamais pensei em enriquecer. Jamais foi uma possibilidade aventada.) Jamais pude imaginar que conseguiria tudo isso! Estou espantando! Nem nos meus sonhos mais loucos pude imaginar tal coisa.

Antes de viajar pensei: "tô realizando agora meu último sonho da juventude. Quando eu voltar o que farei? Não haverá mais nada pra realizar, vou ficar oco, sem mais o quê desejar, ou fazer... acho que só me restará repetir tudo até um dia quando não precisarei mais me preocupar com nada".
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Meu próximo estágio: Vamos morar em portugal também. Vou fazer o doutorado lá e se pá nosso TECA TEATRO será um grupo binacional.

Simbora!

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