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Voto desejo e voto compromisso: brasileiros e brasileiras sabem escolher. Por Jose Sergio Gabrielli de Azevedo
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Sáb, 21 de Julho de 2018 15:06

Jose_Sergio_GabrielliLi recentemente um livro muito interessante de Alberto Carlos Almeida(1) que termina lembrando algumas acepções da palavra voto, em português, que expressa tanto um desejo, como um compromisso.

Lembra que no mundo, em vários países, por muitos anos, há uma certa constância na relação entre os desejos dos mais pobres com os compromissos dos partidos mais progressistas, enquanto os desejos dos mais ricos se consolidam nos partidos mais conservadores.

Na Inglaterra, conservadores e trabalhistas alternam no poder desde 1922, enquanto na Espanha o PSOE e o PP substituem um ao outro desde 2002. Fenômenos semelhantes ocorrem na Alemanha nos últimos 69 anos, esquerda e direita se sucedem na Itália desde meados dos noventa, com o ciclo socialistas republicanos seguindo na França, sem falar na longeva alternância entre republicanos e democratas nos EUA.

Há graus muito distintos no que se refere a uma conceituação de esquerda e direita ou de conservador e progressistas nestes países, mas há uma clara associação entre os votos dos mais pobres com partidos que professam maiores compromissos com a igualdade e melhoria das condições de vida versus aqueles partidos que buscam abrir espaços para as realizações individuais, competição e livre funcionamento dos mercados.

No Brasil, o interessante livro de Almeida, repleto de mapas, mostra esta estabilidade eleitoral nas últimas eleições presidenciais depois de 2002, com os pobres do Nordeste votando nos mais comprometidos com uma pauta de redução de desigualdades, com os ricos do Sudeste apoiando os candidatos mais liberais e que menos destaque dão as questões sociais, preferindo estimular o funcionamento dos mercados. As ultimas eleições polarizaram entre o PT e o PSDB, que apresentam uma notável regularidade regional.

Esta dimensão regional também ocorre na Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra, EUA e dentro das cidades grandes, assim como dentro de cada região brasileira. Locais com maior presença de pobres e em piores condições sociais tendem a votar nos partidos mais progressistas, com as áreas mais ricas e com melhor acesso aos serviços sociais votando nos partidos mais conservadores.

Como nos outros países, o desejo do voto é muito estável. Não há muitas mudanças nos padrões espaciais dos votos para Presidente nas eleições de 2002 a 2014, perguntando-se se o padrão se repetirá em 2018? Até 2002 não havia esta polarização nas eleições brasileiras que se afirma depois das eleições de Lula neste ano, com ações objetivas que melhoraram a vida dos mais pobres, especialmente nas regiões onde se concentravam os mais carentes (Nordeste versus Sudeste, periferia versus bairros mais ricos nas capitais e territórios mais pobres e mais ricos dentro das regiões). O compromisso do voto se manifestou no voto regional. O PT ganhou entre os pobres e o PSDB entre os mais ricos.

Se as condições estruturais que explicam parte da estabilidade dos votos regionais e a estratificação dos votos entre progressistas e conservadores no Brasil das últimas eleições e algumas das principais democracias do mundo continuam, dificilmente articulações na superestrutura institucional dos partidos, com a consolidação de diferenciais de tempo de televisão e maquinas eleitorais irão modificar o voto desejo e a percepção do voto compromisso por parte dos eleitores e eleitoras, espacialmente estratificados.

Os elementos estruturais de diferenciação entre as regiões, especialmente entre São Paulo e o Nordeste não diminuíram em 2018. Ao contrário, o processo de redução das desigualdades com o crescimento da infraestrutura social e do crescimento econômico maior nas regiões mais pobres do que nas mais ricas, que caracterizou o período dos governos Lula e Dilma, rapidamente se desfaz depois de 2015, com o agravamento das separações entre pobres e ricos, retomada das pobreza absoluta e da fome, além de um escandaloso desemprego e desmonte das politicas sociais. 2018 é pior do que 2014 em termos estruturais das condições de diminuição das desigualdades.

A esperança de um futuro melhor também está se esvaindo, com as medidas do atual governo Temer. O blocão que se formou em torno do PSDB é a continuidade deste roubo do futuro do povo. PSDB e governo Temer se identificam e os eleitores identificam os compromissos deste grupo com as elites e sua visão antinacional e antipopular.

Referências Bibliográficas
1. Almeida, A. C. O Voto do Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018. 278 ISBN 978-85-01-11323-8.

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