Sobre as pesquisas e a polarização política. Por Walter Takemoto |
Sex, 05 de Outubro de 2018 01:15 |
Escrevo o nome dele com todas as letras, pois é hora de identificar o nosso inimigo, que é Bolsonaro e que representa todo o processo golpista iniciado no famigerado mensalão. E antes que alguns ou algumas venham cobrar a autocrítica do PT, digo que já critiquei o PT várias vezes desde essa época. Só que sei exatamente o que representou o mensalão, e sei também que Zé Dirceu, Genoino, Vaccari, são presos políticos, sem provas materiais. E lembro que Gushiken foi inocentado de todas as acusações que lhe fizeram sem prova alguma. Vamos partir da hipótese que a pesquisa Datafolha está correta e Bolsonaro tem 39% do total de votos válidos, faltando 11 pontos e mais um voto para ganhar no primeiro turno. E esse crescimento do Bolsonaro ocorreu com a criminosa divulgação pelo Moro da delação que encomendaram e pagaram ao Palocci para fazer, amplamente difundida pela imprensa na mesma semana da eleição. E nesses dias a Igreja Universal, uma das maiores empresas capitalistas do país, declarou em todo o país para seus fiéis votarem em Bolsonaro. Quase todos os candidatos aos governos estaduais do PMDB passaram a apoiar o Bolsonaro, assim como alguns do DEM e do PSDB, como os de São Paulo e da Bahia, além do candidato ao governo de Florianópolis do PSD. Essa movimentação política ainda contou com o apoio quase declarado de parte da mídia golpista do país ao Bolsonaro. E temos visto nos meios de comunicação declarações explicitas dos setores financeiros e grandes empresários de apoio ao Bolsonaro. E ai temos duas coisas básicas: 1) O que estamos enfrentando não é um candidato, que aliás não está nas ruas, não realiza atos públicos, não participa de debates. Bolsonaro como candidato a presidente não existe. O que existe é uma máquina de propaganda montada faz anos para dar o golpe em nosso país e que se utiliza desse personagem para aprofundar e dar continuidade ao golpe. Poderia ser um poste, um pedaço de pau ou um rinoceronte, que estaria liderando o processo eleitoral. 2) O que estamos vendo nesses dias é meramente a antecipação do segundo turno, ou seja, o que deveria ocorrer a partir do dia 8 de outubro, com a definição de duas candidaturas que passariam a exigir da população brasileira a opção por um dos dois candidatos mais votados, já está ocorrendo nesse momento em que iremos definir quem irá para segundo turno. Nesse cenário, o que as pesquisas indicam é que Bolsonaro já aglutinou o apoio eleitoral de parte da população brasileira que ao longo dos últimos anos foi mobilizada pelo ódio e que assumiu como verdade toda a campanha publicitária produzida para legitimar socialmente o golpe e todas as medidas decorrentes e que foram impostas pelo governo golpista do Temer e a compra dos parlamentares, para satisfazer os interesses dos donos do poder econômico. Se olharmos para o candidato inicialmente escolhido para representar os interesses golpístas, Alckmin, assim como os que buscavam representar o "novo", vamos ver que foram engolidos pela campanha criada e sustentada no discurso moral de combate a corrupção, aos políticos, aos partidos. que na narrativa golpista representam o que de pior existe no nosso país. Os eleitores que poderiam impulsionar Alckmin ao segundo turno, preferiram aquele que mais encarna o que de pior essa narrativa golpista produziu na nossa sociedade. E é isso que ocorreu nesses dias, com a migração dos votos dos indecisos alinhados com esse discurso moral declarando voto no Bolsonaro. Diante da taxa de rejeição do Bolsonaro, a maior entre os candidatos, nada indica que possa vencer no primeiro turno, ao contrário do que diz o professor da UFBA. Haddad ter na pesquisa Datafolha 25% das intenções de votos, abaixo dos 40% que conseguia Lula, significa que nossa campanha não conseguiu atingir todos os eleitores potenciais do Lulismo. Por outro lado, os setores democráticos e populares, a parte dos brasileiros que mesmo não se alinhando ao PT ou a Lula, mas que não admitem uma aventura que beira o fascismo, estão divididos entre as candidaturas do Haddad, do Ciro, Boulos e parte do eleitorado do Alckmin e da Marina. Apenas os eleitores do Haddad, Ciro e Boulos já resultaria em um empate técnico com o Bolsonaro, sem considerar os eleitores do Alckmin que declaram votar em Haddad no segundo turno em porcentagem maior do que em Bolsonaro. A disputa está posta e explicitamente posta desde já entre Bolsonaro e Haddad, e não existe mais espaço e tempo para tergiversações entre quem poderá derrotar o Bolsonaro e o que representa de fato. Agora é Haddad ou a barbárie. O meu lado está demarcado faz muito tempo. desde que me entendo por gente. |
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