Quem disse que Moraes morreu? Por Renan Araújo |
Seg, 13 de Abril de 2020 13:52 |
Nem morreria. Moraes está vivo em 40 discos, em quatrocentas músicas, em 4 mil carnavais. Moraes é o pombo-correio. Moraes era menino, um beduíno com jeito de mercador que vislumbrou os olhos negros (cruéis, tentadores). E no toque suave do agogô reinventou o ijexá. E assim pintou Moçambique... Moraes foi o primeiro ser humano a cantar num trio elétrico. O primeiro! E quando começaram a falsa contradição entre o frevo pernambucano e a música baiana, foi Moraes que deu o toque, pintou o sotaque baiano... e a fusão se fez. Moraes saudou as mulheres meninas do Brasil e seus corações democratas, hoje eternizadas nas estátuas de Eliana Kertezs, em Ondina, bairro onde moro. Todo dia em que passar por lá verei Moraes. Moraes é imortal, como é o carnaval. E declaro solenemente que a manhã de 13 de abril de 2020 não existiu. É só passar um café bem quentinho que Moraes canta bem vivinho: "Acabou chorare no meio do mundo. Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa Fiz zunzum e pronto Fiz zum zum e pronto Fiz zum zum" Pronto: Moraes vive suave e pleno no coração da Bahia. E os baianos, novos e bárbaros e crentes na imortalidade de Moraes, sabemos dessa coisa acesa que se perpetuará, em infinitos carnavais. Eterno Moraes. |
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