Contágio. Por Leandro Fortes |
Ter, 14 de Abril de 2020 02:41 |
Além disso, essa epidemia de ignorância e estupidez ultrapassou a questão ideológica, em si. Os bolsominions, essa designação quase carinhosa que damos a bestas feras, formam um contingente de pessoas altamente frustradas, infelizes e febris de ódio que foram ativadas nas redes sociais pela narrativa de um demente cercado de aventureiros de extrema-direita. Somente isso pode explicar uma família arrancar, apoplética, a máscara de um médico, revoltada com o laudo de suspeita de Covid-19 como causa mortis de um parente, em um hospital público. Aos berros, dispostos a espancar o médico, a turba exigia a retirada do registro porque, simplesmente, decidiu ignorar um protocolo científico. Uma gente motivada pelo imbecil a quem veneram. Este, que escarra no braço e, depois, cumprimenta idosos – o grupo mais vulnerável à pandemia – em aglomerações criminosas. Também tivemos a dança macabra de débeis mentais, em plena Avenida Paulista, debochando das mortes provocadas pela Covid-19, com caixões nos ombros. E a tresloucada de Araraquara, interior de São Paulo, presa e algemada, em uma praça pública, por se negar a cumprir a ordem municipal de isolamento social. Para ela, assim como para todos os bolsominions, há uma conspiração comunista por detrás da pandemia de coronavírus. O que nos leva a outra questão, talvez a nossa missão de futuro mais importante, em curto e médio prazo. O que vamos fazer com essa gente, quando toda essa loucura passar? Como curar idiotas? Haverá uma cloroquina para isso? |
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