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A cultura deverá ter destaque no programa dos candidatos. Por Juca Ferreira
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Dom, 23 de Agosto de 2020 07:28

Juca-Ferreira2O sociólogo e ex-ministro da Cultura Juca Ferreira aponta a necessidade de se “executar bem” a Lei Aldir Blanc, que repassou recursos aos estados e municípios, para aplicar em caráter emergencial ao sofrido setor cultural em meio à pandemia. O projeto foi gestado no Congresso.

“Ao contrário do executivo, nosso parlamento sinalizou a importância da arte e da cultura para o país”, diz. Mas a preocupação com o futuro segue e as eleições municipais programadas para 15 de novembro devem colocar vários temas em evidência.

“A arte e a cultura deverão fazer parte com destaque dos programas e narrativas políticas dos candidatos do campo democrático. Os governos estaduais e municipais não podem ficar dependendo do governo federal”.

Em função do momento político-econômico difícil, o pleito deve tomar novos contornos. Soma-se a isso aos impactos da pandemia do novo coronavírus.

A Entrevista completa

- As eleições municipais no dia 15 de novembro vem com outro cenário. Ao contrário dos pleitos anteriores, temas nacionais devem entrar na pauta dos candidatos em função do momento político-econômico difícil. Soma-se a isso aos impactos da pandemia do novo coronavírus. Nesse quadro, como o sr. acha que deve ser delineada proposta de governo municipal à cultura e às artes?

Resposta
O Brasil está vivendo um dos piores momentos da sua história. Não me surpreenderá se, no futuro, descobrirmos que o país está neste momento, sendo vítima além da pandemia, de uma guerra híbrida.
Deixamos de nos comportar no cenário mundial à partir dos nossos interesses e do nosso ponto de vista. Nossa soberania e nossas tradições diplomáticas que sempre orgulharam o Brasil, estão sendo transformadas em uma subalternidade vexatória para todos nós, brasileiros e brasileiras.
Um país de dimensões continentais, única potência emergente do ocidente, a sétima economia do mundo, com relações positivas com praticamente todo o mundo, está rapidamente virando uma vergonha, um pária repelente que causa espanto em todo o planeta.
A destruição da floresta Amazônica e dos demais biomas com suas biodiversidades, a política genocida com os povos indígenas, o cancelamento dos direitos sociais conquistados ao largo da história, alguns deles vindo desde a época de Getúlio; a perda de significado e legitimidade das instituições da República, desde o impeachment da presidenta Dilma, amaçadas, capturadas ou esvaziadas pela extrema direita que governa o país e mais concretamente pela família Bolsonaro. Incluo neste rol as Forcas Armadas; a defesa da violência como linguagem social, incluindo o afrouxamento do controle das armas, facilitando inclusive a compra sem controle de armas pesadas;  a presença das milícias nos parlamentos com fortes vínculos com o presidente e sua família.
O desprezo pela democracia e a defesa pelo próprio Bolsonaro da tortura, assassinato e da possibilidade de um golpe militar. O desrespeito aos povos indígenas, aos afrodescendentes, às mulheres e aos homossexuais. Os heróis do presidente, que ele não se cansa de homenagear, são torturadores, ditadores e o bufão que ocupa a Casa Branca.
A hostilidade com todos que fazem cultura e arte no Brasil é uma constante. Estão, no momento, tentando restabelecer a censura e já estão perseguindo artístas e criadores. Extinguiram o Ministério da Cultura e estão sufocando toda a estrutura pública e os programas e políticas que dão suporte e apoio às artes e a cultura em geral. O quadro é desolador.

As próximas eleições municipais se darão portanto em um clima e um ambiente de incertezas e de disputa sobre o futuro do país.
2022 começa agora. Certamente será o pleito municipal mais entralaçado com as questões nacionais, onde os projetos nacionais e as narrativas políticas terão um peso enorme.
A defesa  e o ataque à democracia será subtexto da disputa e também o legado das conquistas estará todo tempo sendo recorrente. Manoela em Porto Alegre, Boulos em São Paulo e Marília Arraes compreenderam a natureza e o espírito do momento. Certamente Benedita da Silva no Rio também fará o enfrentamento político e a defesa do legado dos governos petistas.
Eu tentei ser o candidato do PT em Salvador dentro dessa perspectiva. Apresentar um projeto para a cidade da Bahia que supere os limites da gestão voltada somente para os interesses dos empresários e representar politicamente o projeto democrático e de centro esquerda. A nossa despolitização pode ser fatal.

- As políticas públicas do governo federal para a cultura estão paralisadas, desvirtuadas ou inexistentes. O que o sr. sugere aos eleitos no pleito no final do ano às prefeituras para lidar com essa situação de indiferença da esfera federal à cultura (em alguns casos, há indiferença total também à cultura em alguns governos estaduais)?

Resposta:

Disputando com a pandemia quem mais hostiliza e causa impactos negativos nas artes e na cultura em geral, Bolsonaro e sua entourage declararam guerra à arte e à cultura.
Essa hostilidade é um aspecto central desse governo e dos que os apoiam abertamente, ou na calada da noite. Eles não tem projeto de nação, só sabem destruir, demolir. Só querem saber de lucro e mais valia.
Dizem que querem passar o Brasil a limpo, apagar tudo que represente a herança africana, a contribuição dos povos indígenas e demonstram mal estar diante das liberdades conquistadas não só pelo povo brasileiro, mas tudo que foi criado e desenvolvido pela humanidade que tenha alguma relação com a alegria e o prazer.
Vivem animados por uma paranóia da época da guerra fria, de que os comunistas estão chegando. Para os banqueiros, para o agronegócio e outros setores do andar de cima da sociedade brasileira e para os seus representantes políticos, o importante são as reformas. Estão pouco se importando com a vida das pessoas, com a cultura, com todo esse processo de perda de grandeza cultural e política do país. O que os fazem apoiar Bolsonaro são as privatizaç?es, a venda do patrimônio público, a desregulamentação da economia, a redução do Estado a quase nada. Não medem as consequências desse apoio e o interesse é apenas pelo interesse do capital na sua relação com o trabalho e as vantagem que podem obter no governo de Bolsonaro.
Darci Ribeiro tinha razão, quando apontava que o problema maior do país eram as elites mesquinhas, usurárias, sem nenhum espírito público, nem empatia com o povo brasileiro.

- O que o sr. acha de mais urgente a ser feito à cultura e as artes nos municípios? Claro que cada município enfrenta uma situação (até pelas  características locais e a densidade populacional), mas de maneira geral vê-se um sucateamento e abandono da área. Como avalia isso?

Resposta:
É preciso executar bem os recursos da lei Aldir Blanc. Ao contrário do executivo, nosso Parlamento sinalizou a importância da arte e da cultura para o país e resolveu apoiar com recursos os criadores e todos que trabalham com arte e cultura.
A arte e a cultura deverá fazer parte com destaque dos programas e narrativas políticas dos candidatos do campo democrático. Os governos estaduais e municipais não podem ficar dependendo do governo federal, porque enquanto Bolsonaro for presidente, deste mato não sai coelho.


- O sr. pretende se candidatar a algum cargo nas eleições municipais desse ano? Se sim, qual cargo?
Resposta:
Não. Tentei ser o candidato à prefeito de Salvador, mas os dirigentes do partido tinham outros planos.

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