Caros coleguinhas jornalistas e editores antibolsonaristas pauloguedistas, não sei se vocês estão entendendo direitinho o que está acontecendo no Chile, então tirei uns minutos para explicar o óbvio. Notem:

1) Na verdade, os chilenos não manifestaram a vontade de uma  nova constituição para se livrar de Pinochet (direitos políticos e civis não parece ser um problema por lá), mas para se livrar do pauloguedismo (querem agora direitos sociais). É importante ter clareza quanto a isso.

2) Para ser simples, os chilenos querem se livrar do pauloguedismo (a doutrina-Chicago) que vocês decidiram que resolverão todos os problemas brasileiros. Os chilenos cansaram de ser ferrados e sem direitos sociais em um país com PIB e IDH altos. Cansaram de o Estado não ajudá-los na educação, na saúde, na previdência quando ficam velhinhos. Ao que parece, até Sebastián Piñera, que acredita na liberdade de mercado até a medula, achou que estava demais.

3) Às vezes é urgente mudar constituições para aumentar direitos políticos ou direitos civis, outras vezes as pessoas simplesmente querem direitos sociais. O antiestatismo chileno chegou ao limite, sem previdência decente, sem saúde ao alcance de todos, educação pela hora da morte, o futuro rifado em uma sociedade privatizada. Os chilenos cansaram disso que vocês querem nos vender como a última novidade e o caminho para a felicidade. O que vocês estão fazendo é como vender o comunismo em 1988, quando este modo de produção saiu de linha.

E isso nada tem a ver com ser liberal no século XXI. Você não precisa ser antiestatista nem inimigo de direitos sociais para ser liberal. Tatuem isso, por favor. Do mesmo jeito que ninguém precisa ser marxista ou anticapitalista para ser de esquerda. É simples assim. Não deixem que a ideologia embacem a sua visão.
Wilson Gomes
Professor da Facom/UFBA

Compartilhe: