O Tombo por Marcos A. P. Ribeiro |
Qui, 30 de Janeiro de 2014 05:29 |
Caminhava jubilosamente pela clara e fresca manhã de janeiro, quando, no Campo Grande, tropecei numa pedra solta no passeio e caí: apoiei as mãos no chão e girei sobre mim mesmo, como numa cambalhota, para evitar bater a cabeça no solo. A manobra foi bem-sucedida; apenas as palmas das mãos ficaram esfoladas. Mas nos transeuntes que vinham logo atrás de mim e presenciaram o tombo – pessoas que se dirigiam apressadamente ao trabalho -, o episódio repercutiu. Um homem com macacão deu-me a mão para que me levantasse: - Tudo bem? Assenti com a cabeça. Uma senhora negra, com um excesso de peso que indicava bonomia, lenço na cabeça, óculos de grau, dirigiu-me o comentário: - Ainda bem que não bateu a cabeça. Sorri em agradecimento. O grupo seguiu seu caminho. Levantei-me, limpei a poeira da roupa, passei os dedos pelos cabelos, retomei a caminhada. Alguns minutos depois, encontrava-me ao lado da senhora negra. Prontamente ela me estendeu um folheto impresso com material religioso e disse: - Jesus te ama. Ele vai te livrar de todo o mal. Creio que achou que naquele momento eu não o recusaria. |
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