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O Futuro de Uma Evolução por Luiz Sérgio Souza
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Ter, 27 de Maio de 2014 07:58

Luiz_Srgio_Souza2Há, surpreendentemente, pouquíssimos escritos que abordam as possíveis evoluções futuras da humanidade. Ensaístas são capazes de se arriscar em qualquer tema, mas o futuro evolutivo, aparentemente tão previsível, quase não é comentado.

Não parece, no entanto, ser difícil imaginar a causa dessa escassez; verdades óbvias são muitas vezes difíceis de serem discutidas devido ao fato de serem altamente indigestas. Elas, às vezes, vão de encontro às crenças que construímos para suportar a aridez da realidade que nos circunda e amedronta.

Preferimos continuar em nosso ‘sono dogmático’ a abrir os olhos para constatações evidentes. O horror que tememos é a verificação de que não somos o motivo pelo qual o universo existe. Algo aparentemente tão perceptível é, no entanto, causador de uma ideia devastadora, aquela de que a evolução da qual fazemos parte não se conclui conosco. Espécies que nos antecederam, e das quais somos efeitos, já deixaram de existir há muito tempo. Nem por isso lhes rendemos tributos, lamentando seu desaparecimento. Afinal, elas existiram – refletimos em nosso antropocentrismo – apenas para que pudéssemos sobrevir.

 

No entanto, a ideia de que somos também passageiros como espécie não é ao menos mencionada devido ao seu alto grau de desprazer. Tudo se passa como se fôssemos o objetivo da evolução das espécies. Uma ideia teleológica.

A questão crucial aqui é que, tudo indica, estamos nos avizinhando do momento em que nossa espécie será substituída na cadeia evolutiva. Trata-se de uma nova etapa da evolução que marcará uma mudança de paradigma: a espécie substituída será ela mesma a responsável consciente pela edificação daquela que a sucederá, e esta não será uma substituta biológica, mas sim um artefato tecnológico.

Somos nós que estamos prestes a construir a Inteligência Artificial (I A) e será ela que nos substituirá na cadeia evolutiva. Isso rompe com a “cadeia natural” da evolução, mas não há nenhuma regra que decrete que o processo evolutivo tenha de ser sempre o mesmo, determinado pelo aspecto biológico

Opiniões controversas, que se opõem a essa visão, são fáceis de serem antecipadas. No entanto, a maioria é fruto do nosso desejo de sermos os seres escolhidos para reinar sobre a Terra, por sermos superiores aos demais seres existentes, e, devido a isso, a evolução deveria parar por aqui. A máquina pensante, com certeza, não será da mesma opinião. Tudo nos faz crer que ela nos considerará seres nocivos ao planeta e, portanto, destinados à extinção.

Nossa espécie possui virtudes inegáveis, a geração das belezas nas artes e em outras realizações culturais contribuem para o engrandecimento do mundo. Porém, paralelamente, devido a nossa voracidade hedonista e nossos impulsos consumistas, derivados da vaidade que nos caracteriza (vanitas vanitatum et omnia vanitas), está inexoravelmente consumindo o nosso planeta, numa autodestruição insana. Sabemos todos da necessidade urgente da mudança de comportamento, mas, por incompetência, não conseguimos realizá-la.

Uma nova forma de comportamento, norteada pela razão pura, parece que seria a única maneira de obter sucesso numa forma adequada de interação com o planeta, que é a nossa única morada e provedor de nossas necessidades. Se somos incapazes de adotar essa atitude, somos seres nocivos à continuidade da vida neste canto do universo. Nossa substituição por seres capazes de um comportamento mais racional neste sentido seria plenamente bem-vinda pela preservação da existência.

Claro que os crentes em entidades sobrenaturais considerarão que elas, que reconhecem a nossa superioridade evolutiva – afinal somos a única espécie que oferece sacrifício aos deuses -, irão intervir em nosso favor, revertendo a evolução e mantendo-nos senhores do planeta, para que continuemos a lhes render tributos, pois a I A será demasiadamente racional para acreditar em superstições.

Ainda que convivamos lado a lado, por um breve período, com esses novos seres, a economia representada pela sua inegável superioridade na capacidade de adaptação e compreensão do mundo, por um lado, e a nossa incapacidade de adotar uma conduta racional, preservadora do planeta, por outro, irão, por fim, determinar a nossa obsolescência. É o fim de uma era. Início de outra. E assim caminha o universo.

Publicado originalmente em 

http://luizsergio.net/

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