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A primeira Copa de que me lembro por Fernanda Maria Tourinho
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Sáb, 14 de Junho de 2014 17:23

Fernanda_Maria_Tourinho1A primeira Copa de que me lembro foi a de 70, eu tinha 9 anos morava em um conjunto habitacional do BNH onde hoje é o elegante bairro do Itaigara, mas naquela época era longe pra dedéu, encravado no Parque Florestal de um Sr. chamado Joventino Silva, o dono da Pituba.

Uma festa na rua, nas casas, meu pai quando acabava o jogo botava todo mundo no carro e ia pra Barra, participar de um buzinaço sem igual num engarrafamento de fuscas, e um mar de gente que enchia o Farol e ficava de pé na balaustrada. Tri campeões.O Brasil vivia uma ditadura severíssima.

Das copas de 74 e 78 lembro bem da farra com os colegas da escola e do maldito vexame do Peru que culminou com a vitória da Argentina, na Copa deles. Ainda era ditadura.

A copa de 82, a que mais sofri. Uma esperança imensa e um orgulho danado daquele escrete que nos deixou bêbados de tristeza e desolação. O italiano Paolo Rossi nos mandava chorar na cama que era lugar quente! Ainda era ditadura, embora já houvesse anistia política e a gente estivesse clandestinamente discutindo as Diretas já!

A copa de 86 se não me falha a memória foi aquela que Zico perdeu o pênalti. O cônsul da França era meu vizinho de frente em Piatã e quando o jogo acabou arremessou um adrianino 3 tiros no jardim de nossa casa, lotada de amigos barulhentos, que resolveram continuar a dançar forró apesar da derrota. Havíamos perdido Tancredo Neves e ganhado de herança seu vice - o nefasto José Sarney.

A copa de 90 nem lembro direito. Chateada com a eleição de Collor, depois daquela vergonhosa edição do debate na Globo. O Brasil discutia o Plano Collor e chorava suas poupanças confiscadas. Voltamos cedo pra casa desclassificados pela Argentina e seu Dieguito mão santa. Era muito azar pra um povo só! Melhor mesmo esquecer.

A Copa de 94 me deixou muitas recordações: a primeira copa de Rafa, e quando ele andou sozinho pela primeira vez! 13 de julho, em meio à euforia familiar do único gol marcado na semifinal com a Suécia, lá se foi ele andando cambaleante para fugir da gritaria geral. A última que assisti com minha mãe, a última que saí para comemorar na rua. O tetracampeonato me chegava já balzaquiana, focada na maternidade. Collor havia sido cassado e votaríamos naquele ano para presidente. Caminhávamos com Itamar Franco, que ainda que não fosse o que queríamos para o Brasil, tinha um plano real que nos deixava respirar melhor.

A Copa de 98 foi aquela em que o Fenômeno teve convulsão e a gente perdeu da pior forma a meu ver: como vice! É muto sofrimento! Deixei de ficar milionária porque achei que era muito mau presságio aceitar um palpite pela França que o meu banco estava propondo. PQP. Falando em sigla, FHC havia costurado uma emenda constitucional que permitia a reeleição do presidente-sociólogo.

Ah, mais a Copa de 2002 foi só alegria! A copa da madrugada, vestida com camisola verde amarela, cara de sono e boca de mingau das almas. As crianças acordadas achando o máximo aquela animação de fuso estranho. Pentacampeões. Um marco! Nem lembro com tristeza ter sido a última em que vi os olhinhos brilhantes de meu pai, este sim, com todas as estrelas no peito - uma espécie de Zagalo, senhor de todas as copas, tamanha a sua alegria. E meus filhos então? Politicamente vivia o clima da esperança de ver o Lula-lá. 
A Copa de 2006 exigiu de mim cuidados maternos. Meu caçula Peu, com 11 aninhos estava inconsolável. Rafa já prestes a fazer 13 tentou bancar o durão. Mas ao ver o irmão aninhado em meus braços soluçando, baixou a guarda de "eu já sou um homenzinho" e desabou no colo quente da mainha. No fim os convenci que era um bom consolo torcer para que tivéssemos sido eliminados pelos campeões, mas Zidani não entendia nada de psicologia infanto-juvenil. Disseram que não queriam mais saber de copa. Na política, um Brasil que nos enchia de orgulho aqui dentro e lá fora.

A Copa de 2010 foi a mais barulhenta. Tantas vuvuzelas e tantas bombas nas ruas, que até nos sentimos aliviados quando fomos eliminados, por pura solidariedade com os nossos dois cachorros estressados. O Brasil caminhava para eleger a primeira mulher presidente, uma ex guerrilheira, torturada enquanto eu, menina, assistia a copa de 70, quando comecei esta crônica.

A copa de 2014 já começou e aí estou eu com meus amores, clicada no momento do gol da primeira vitória. Vida que segue e se renova. A copa do Brasil, que tenta sua sexta medalha. A copa depois que o "gigante acordou" , mas machista que sempre foi decidiu que a culpa de todos os seus males é de uma mulher e resolveu dar nela. 
Quer saber? esta história ainda vai ter muitas copas! Por enquanto, rumo ao hexa!

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