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Katia e Brígido Como o casamento no cartório virou uma grande e solidária festa africana
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Qui, 28 de Março de 2019 00:19

Katia_e_BrigidoA pretensão dos noivos era assinar os papéis do casamento civil e partir direto para a lua de mel, o que eles não poderiam imaginar é que a notícia do enlaçe mobilizaria uma rede de mulheres e amigas da noiva dispostas a relizar uma grande festa em apenas trinta dias.

Tudo começou quando a noiva comunicou às amigas mais próximas, em pleno Carnaval de Salvador, que havia marcado a data de seu casamento no cartório para o dia 30 de março de 2019. Mas o grupo não aceitou que justamente o casamento da amiga mais festeira passasse sem uma comemoração.

Não tardou muito para que o pequeno grupo de amigas que, inicialmente, pensaram numa festa para 50 pessoas, se transformasse em um grande grupo de Whatsapp com 63 mulheres. Intitulado “Casamento Solidário de Katia”, o grupo reune familiares dos noivos, amigas, companheiras de militância da Unegro - União de Negras e Negros pela Igualdade, colegas de trabalho da SPMBa - Secretaria de Políticas Públicas da Bahia e mulheres que a noiva conheceu durante os muitos anos de trabalho dedicados à Economia Solidária e a grupos produtivos de mulheres em todo o estado. “De repente a história foi se espalhando e as amigas de outros municípios e outros territórios resolveram também contribuir e participar dessa articulação”, conta Katia Santos, que não imaginou que o seu casamento se transformaria em um grande evento realizado a muitas mãos. Com apenas um mês para organizar a cerimônia, logo as amigas começaram a assumir tarefas. Uma amiga designer confecionará o convite, a filha da noiva assinará o vestido de casamento, uma sobrinha produzirá flores artesanais para a decoração, uma amiga confeiteira fará o bolo e outra se responsabilizou pelas fotografias do grande dia. Produtos também começaram a chegar como contribuição de diversos grupos produtivos de mulheres da Bahia: de Mucugê vieram cachaça e licor de morango, de Piatã o café, de Maragojipe as ostras, camarões de Amélia Rodrigues e chips de aipim de Cruz das Almas.

As lembranças dadas aos convidados serão sabonetes artesanais e ecológicos produzidos pelas mulheres do grupo Novas Felipes, de Itaparica. Elaborados com cinzas vegetais e ervas, os sabonetes são feitos a partir de uma técnica que existe há mais de 2 mil anos e é usada na produção do “sabão da Costa”, na África.

 

Festa Africana Katia é católica, militante do movimento negro e do movimento pela Economia Solidária, quilombola e feminista, e foi dela que partiu a ideia de realizar uma cerimônia inter-religiosa e uma festa em homanegem à Africa. “Além de representar a nossa ancestralidade, nós temos muitos amigos e o casamento africano tem como ritual um grande cortejo de padrinhos e madrinhas, assim todos vão participar da cerimônia não apenas como convidados”, explicou Katia.

A escolha da data do casamento também não foi por acaso e tem relação com a história de vida da noiva. “Tinha que ser em março, que é o mês das mulheres”, destacou. O casamento será realizado na sede da Associação Nacional das Baianas de Acarajé - ABAM, no Pelourinho, e a cerimônia contará com a presenca de um padre, um pastor e um candomblecista.

A música ficará por conta de uma orquestra de berimbaus e, após a troca de juramentos, a banda Roda de Samba Sr. Z, do sobrinho da noiva, animará o salão com o tradicional samba de roda baiano. Tanto o vestido na noiva como o traje do noivo terão referências às cores e estampas africanas, assim como as roupas dos convidados que já passam de 120 pessoas. As referências ao continente africano também estarão presentes na decoração, no bolo e nas lembrancinhas que terão toques de dourado em homenagem a Oxum, e no menu da festa, onde serão servidos abarás, carajés e aberéns, além de quitutes tradicionalmente nordestinos como bolinho de carne seca e banana da terra, tartelete de siri catado e caldos quentes de aipim e de camarão. Sem falar na mesa de digestivos com os produtos das mulheres da agricultura familiar como café, doces em compota, beijus e biscoitos. “Vocês estão realizando um sonho.

Um casamento dentro dos princípios da Economia Solidária! Este momento não é meu, é nosso. Vamos nos divertir e celebrar o amor”, escreveu Katia no grupo de Whatsapp. E se depender das mais de 60 amigas que lá estão, o casamento de Katia e Brígido será mesmo uma grande celebração do amor e a amizade, da força produtiva das mulheres, de uma economia mais fraterna e colaborativa e, claro, do poder da ancestralidade africana. Salve, o axé feminino!

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Última atualização em Qui, 28 de Março de 2019 00:31
 

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