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Os velhos gângsteres estão assustados! Por Marconi de Souza Reis

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Entre 1995 e 2005, eu detonei a carreira de dezenas de carlistas corruptos – de secretários a desembargadores, passando por deputados, prefeitos, empresários, jornalistas e advogados, dentre outros –, mas jamais vi ACM abandonar os seus asseclas denunciados.

Ademais, ele só exonerava o parceiro quando não havia mais nenhuma chance de sustentá-lo, como o foi com Sérgio Moysés, então secretário de administração do Estado, que foi decapitado do cargo após duas séries de reportagens que fiz sobre corrupção no SAC e irregularidades no Planserv.

Alguns delegados, policiais e outros servidores públicos que também foram exonerados ou afastados de suas funções em razão de reportagens minhas, passaram antes por processos administrativos disciplinares sigilosos, ou seja, ACM jamais os lançou diretamente na cova da mídia leonina.

É claro que não se pode afirmar que ele era uma figura autêntica. Basta lembrar que, no caso da violação do painel eletrônico do Senado Federal, ACM negou ter visto a lista de votação por vários meses, até ser desmascarado. No caso dos grampos, preferiu o silêncio, tamanha a obviedade.

Porém, passados dez anos da sua morte, seu neto revela ser uma figura infinitamente mais pusilânime, posto que, pelas atitudes que exala, jamais teria coragem de apoiar um Collor de Melo até o fim, como o fez o avô há 25 anos, na contramão de tudo e de todos.

ACM Neto é o típico político nascido entre 1975 e 1985. Não acho preconceito, porque tenho percebido uma fraqueza sem tamanho nesses jovens da política que têm hoje entre 35 e 45 anos de idade.

Aliás, parece quase surrealismo imaginar que ACM Neto nasceu no mesmo ano (1979) em que foram lançadas canções como “O Bêbado e o Equilibrista”, “Geni e o Zepelim” e “Admirável Gado Novo”. No seu lar, com certeza, esse tipo de canção era proibido tocar no rádio.

– E a minha geração ainda poderá ser pior, alerta meu filho caçula, nascido nos anos 90, ao conversar comigo ontem sobre esse assunto.

Como dito acima, a questão não é de mérito, mas de coerência no processo. Os políticos antigos de direita se respeitavam e se solidarizavam entre si, mas agora nem isso é possível vislumbrarmos no conservadorismo que propagam no espaço público.

Nesse aspecto, os jovens políticos de direita estão ficando muito parecidos com os velhos políticos de esquerda, que sempre atiraram aos leões seus colegas flagrados em corrupção. Vide os casos recentes de Antonio Palocci, José Dirceu e outros, que foram esquecidos pelo núcleo duro do PT.

Bem, ao final, tudo isso pode até ajudar na renovação do cenário político – Geddel pode vir a ser o novo delator/traidor, a exemplo do que ocorreu com Palocci –, mas, sinceramente, tenho enorme desconfiança sobre os efeitos positivos oriundos de atitudes fracas, covardes.

Aliás, essa nova geração da direita exala uma espécie de autofagia das máscaras por meio de novos simulacros, algo que assusta demais os velhos gângsteres ainda vivos, tipo Sarney, Jader Barbalho e FHC, dentre outros. Imagine quando chegar a geração do meu filho caçula, que cresceu assistindo aos “Transformers” da vida.

É por isso que o próprio Aécio Neves, o mais jovem da velha geração dos gângsteres, está puto da vida e se diz irredutível a uma reconciliação com Luciano Huck, a ponto de defini-lo como “a falência da política”, caso o apresentador seja candidato a presidente representando a TV Globo.

Marconi de Souza Reis é Advogado e ex jornalista.

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