Aldeia Nagô
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Os Vivaldinhos, Por Cláudio Guedes

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura
Claudio_Guedes

O país tropical abençoado por Deus e feliz por natureza & seus vivaldinos de “escol”. Três personagens dos tempos atuais:

a) o vivaldino juiz: o magistrado que não trabalha com a verdade

Cumpre expediente remunerado – o mais alto salário entre os funcionários de estado – na Suprema Corte. Emprego vitalício com benefícios mantidos após a aposentadoria compulsória aos 75 anos e, apesar desse status inegável, é um juiz que “muda a jurisprudência de acordo com o réu”, é acusado de possuir correligionário e de ficar “destilando ódio o tempo inteiro”. É só? Não. Tem mais. Segundo seu colega, como ele juiz do STF, Luiz Roberto Barroso, o ministro Gilmar Mendes também “não julga, não fala coisas racionais, articuladas, sempre fala coisa contra alguém, sempre está com ódio de alguém, com raiva de alguém” e, para finalizar, disse que o mesmo “normalmente não trabalha com a verdade.” Uau!!!

b) o vivaldino editor: o que surfa a onda do momento

Seu nome, Otávio Frias Filho, nos leva ao ascendente, que ao final da vida era chamado pelos puxa-sacos de “publisher”, apesar de ser apenas um comerciante esperto, granjeiro e sócio de estação rodoviária, que um dia comprou um jornal e o fez surfar na onda da redemocratização do país, ainda que seu compromisso com a tese fosse apenas oportunismo. Hoje, o vivaldino filho editor, publica na Folha de S. Paulo longa matéria buscando desqualificar um juiz. Não o fez discutindo o mérito dos seus votos, mas apresentando a antiga filiação política mesmo, da sua família e os trabalhos anteriores ao cargo de juiz. Sou leitor assíduo do jornal há 40 anos e não lembro de ter visto algo semelhante quando, por exemplo, os atuais juizes do STF e dos demais membros dos tribunais superiores proferem seus votos ou se manifestam sobre questões políticas. Muito menos com relação aos demais, centenas, de juizes dos tribunais de 2° Alçada. É que agora, o oportunista editor, seguindo a inspiração paterna, resolveu transformar seu periódico num jornal à serviço da reação conservadora e direitista – a onda do momento – que, como não podia faltar, possui no cardápio a “caça aos inimigos da nova ordem”. Discordou? É pau, é pedra, é o fim do caminho.

c) o vivaldino politico: a flor da nata

Seu nome, Fernando Henrique Cardoso, mais conhecido como FHC. Foi presidente da República por duas vezes. Nos últimos tempos buscou assumir o papel de “consciência moral do país”. Critico duro e implacável da ex-presidente Dilma Rousseff, bate duro também no ex-presidente Lula sempre que pode, aludindo aos problemas que este enfrenta com a justiça. Contudo, foi ele mesmo que, presidente da República, escolheu e nomeou seu correligionário Gilmar Mendes para o STF, esse juiz que enobrece (sic) a Corte Suprema do país nos dias atuais. FHC continua filiado ao PSDB, partido que possui na sua presidência o senador Aécio Neves, ex-candidato presidencial do partido derrotado em 2014, corrupto denunciado ao STF pelo MPF, pois pego em flagrante em episódio que se auto-incriminou. O que FHC comentou sobre o caso? Nada. O partido do qual FHC é o mentor político também é o principal sustentáculo do governo de Michel Temer, presidente em exercício denunciado no STF por corrupção e formação de quadrilha e cujo governo é rejeitado por 97% dos brasileiros. O que ouvimos de FHC sobre o assunto? Um silêncio ardiloso. A consciência (sic) moral do ilustre político só funciona para criticar os adversários. Um charlatão? Pode ser. Ou apenas a flor da nata dos políticos vivaldinos que atuam no país.

Cláudio Guedes é Empresário e Professor

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