Aldeia Nagô
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Papo Franco: Quem Prometeu Amado a Bety? Por Geraldo Maia

7 - 9 minutos de leituraModo Leitura

História cabiluda como a buceta da amada de Bráulio Tavares. Mas muito
menos gostosa. Era uma vez uma Bahia em caos total. Reflexo dos quarenta anos de
pilhagem geral. Por sua vez reflexo dos quatrocentos anos de pilhagem do país.


A
Bahia ainda está um brega, é só ver o caso da ebal,  da saúde, da educação, das
estradas, da habitação, do trabalho, etc. O pior índice de quase tudo. É,,
restou um "quasezinho" aí para aliviar pros caras. Na Secult o mesmo pandemônio:
museu rodin, livros empilhados nos depósitos aguardando que o "Espaço do Leitor
Baiano", ong criada pelo secretário anterior, os vendesse e embolsasse a grana
pra enriquecer ainda mais os sessenta ladrões que abocanhavam as verbas para a
cultura. Um ex-gestor, também parecerista do famigerado "fazcultura" e dono de
editora só permitia que os livros aprovados fossem publicados por sua empresa.

E
aí, alguém falou alguma coisa? Correu e-mail pela net? Bernardo escreveu sobre o
"scotch" livre que corria depois nas comemorações? Risério  indignou-se em seus
artigos na tarde, que por sua vez inventou alguma "crise" naquela gestão
permanentemente em crise real dado os desmandos, corrupções e atos nefastos
praticados ao rés do chão? Não, ninguém disso nada, eu sou testemunha, não se
deu um "pio", todo mundo caladinho com o rabo entre as pernas. TODO MUNDO!!!
Raríssimas exceções. Sabem por quê? Porque a Casa de Jorge Amado recebia seu
injusto e polpudo cala-boca regularmente. E o que é a Casa de Jorge Amado? João
Ubaldo com certeza não conhece a casa mais racista, intolerante,
pseudoaristocrática, egocêntrica, individualista, elitista que existe no
Pelourinho mas se comporta como se estivesse a milhares de quilômetros dali sem
reconhecer nem valorizar o local onde Jorge Amado foi buscar a inspiração para a
sua vasta obra.

Jamais a Casa de Jorge Amado pensou ou fez algo para melhorar as
condições das pessoas do seu entorno. Algum projeto de alcance social. São nulos
nesse aspecto. E olha que por alí estão várias ongs que desenvolvem inúmeros
trabalhos de inclusão e promoção social principalmente com as crianças e
adolescentes em situação de risco que ainda habitam aquele local e cercanias, as
quais a Casa de Jorge Amado ingnora completamente, mesmo recebendo uma vultosa
quantia de dinheiro público, do povo, que poderia estar sendo melhor utilizada
para minorar as condições de vida dessas pessoas. A Casa de Jorge Amado só
queria saber de seu dinheiro e o resto que se explodisse. Dinheiro para cuidar
do rico acervo e promover os amigos íntimos, a elite" dourada", escolhida a dedo
pela direção da casa. Por isso não reclamava do governo do qual era cúmplice.
Ali perto o Teatrro XVIII também recebia dinheiro público à rodo para bancar as
brincadeiras do grupinho que adora brincar de fazer teatro e tirar onde de
ingresso baratinho para o povo ter acesso.Que baratinho o quê? Pago com dinheiro
público. Acesso a que? Ao egocentrismo exercebado e arrogante de um grupinho
fechado? Natural apodrecer com pouco ar. E é assim, qualquer um constrói um
teatro e o estado passa a ter obrigação de bancar se botar o "h" de
preço baratinho? Por que a Casa do Teatro Popular, que faz teatro sério,
genuinamente popular, nas ruas, sem cobrar nada mesmo, não foi financiada? E
tantos outros grupos e companhias de teatro que atuam nas pereferias fazendo
teatro popular genuíno e nunca receberam verba pública? Se um pode, todos podem.

Esta é a essência da nova política que está sendo implantada. Se um tem todos
podem ter. Se vai dar para a Casa de Jorge Amado, para o Teatro XVIII, etc, tem
que dar para as Bibliotecas Comunitárias, para a Bety Coelho, parta a Prometeu,
para o Quilombo Cecília, para a biblioteca poeta Douglas de Almeida, para a Casa
do Teatro Popular, para o grupo de teatro do Povo na Rua, e tantos outros e
outros de Salvador e dos demais territórios baianos. Mas quando o novo governo
resolve por ordem no caos abjeto em que se tornara a secretaria de cultura e
turismo, como extensão de todo o (des)governo que foi derrotado sabiamente por
esse mesmo povo aviltado, ultrajado, enganado, roubado há décadas, séculos, aí
então inventa-se uma "crise" para fazer uma cortina de fumaça aos desmandos da
gestão anterior porque se foi cúmplice deles? A cidade de três milhões de
habitantes tem só seis bibliotecas públicas. Cinco estaduais e uma municipal.
Mesmo assim com sérios problemas de equipamentos, acervo e pessoal.

Quem criou
essa realidade? Um ano de governo Wagner? Aí pessoal, na moral, sem fanatismo,
sem exarcebação, na calma, tudo isso, o estado em que se encontra Salvador e os
municípios baianos foi criado em um ano? Ah, mas nada está sendo feito, só falar
do passado? Nada? Quando você chega em casa e encontra tudo na maior bagunça, os
filhos e amigos aprontaram e deixaram tudo de cabeça para baixo, o que é que
qualquer um faz? Levantar o nível da desordem, começar a arrumar, varrer, passar
pano, rearrumar coisas aqui, ali, e isso é trabalho, dá um trabalho danado,
esquenta, sua, de repente vc entra pela noite e ainda não acabou a arrumação. É
o que o governo está fazendo, arrumar essa bagunça dá um trabalho danado, e mais
ainda, porque o estado não pode fechar, parar, ficar limpando até a madrugada
para só então começar a funcionar tudo novamente. Não, tem que fazer tudo ao
mesmo tempo, como está sendo feito. Mas tem gente não quer perder a bocada e
chia, grita, bate o pézinho,  dá calundu, mal acostumado. Mudar é difícil mesmo
porque ninguém sabe ou quer lidar com o desconhecido, só com o que já conhece,
já domina, já está acostumado.

E realmente tem muita gente acomodada, mal
acostumada, no bembom. Mas as mudanças estão em andamento, as verbas
concentradas, no caso da cultura, para sessenta amiguinhos do peito, está sendo
pulverizada mesmo, para milhares de agentes culturais em todos os trerritórios
que compõem a Bahia.

O fazcultura foi redimensionado para democratizar o acesso
às verbas por renúncia fiscal, o fundo de cultura está aberto a todos, a todos
mesmo, não se espantem, parece mentira, mas não é, não é mais só para os amigos
chegados, a elitizinha tirada que se achava "dona" do pedaço. Não, A Tarde, é
pra valer, o fundo de cultura é para TODA a Bahia, para TODOS os agentes
culturais, sem importar crença, credo, ideologia, raça, sexo, gênero. É verdade!
Inclusive as bibliotecas comunitárias que precisam sim, como as casas citadas
acima, receber ajuda do governo porque prestam um excelente trabalho onde o
governo não atua numa cidade sem bibliotecas. Mas isso também está mudando, é só
um ano, mas muito está sendo feito, ainda invisível porque muito é ainda
arrumação da casa. As bibliotecas comunitárias estão na pauta da secretaria da
cultura. É preciso que os responsáveis pelas mesmas enviem os seus projetos para
o Fundo de Cultura.

Esse é o caminho proposto. Para que todo o estado, não
só Salvador, seja contemplado. Pode não ser o ideal, o melhor, mas é o que está
posto e qualquer um pode utilizar. Esse é o deferencial, porque antes só
sessenta pessoas eram beneficiadas e isso precisa ser dito sim, para que não se
repita mais esse tipo de coisa. Assim como se critica as ações da atual gestão,
que deve ser criticada, claro, mas a crítica fica mais contundente se for melhor
embasada, fundamentada, com critério, se não vira só disse-me-disse, fofoca,
tititi, blá blá blá, papo furado. E tem que cobrar mesmo quando as mudanças não
derem certo. Crítica é co-responsabilidade. Cobrança também. Não pode só dizer
amém, amém, amém como estava sendo feito por TODOS (mídia inclusive), porque
TODOS acreditavam que o "reinado" do "cabeça branca" era eterno.

E quebraram a
cara. Como não ousam admitir aí criticam por criticar, e muito para abafar suas
próprias pisadas. Então, vamos propor concretizar nossos sonhos sem medo de não
vê-los realizados, sem medo de nada, vamos chegar junto com projetos nas mãos.
Qualquer um, inclusive as bibliotecas comunitárias, para sair o mais rápido
possível dessa situação que não foi criada agora, mas é fruto do total descaso
das elites que dirigiram este país até agora para com ele mesmo. E mais do nunca
está em nossas mãos o poder de realizar. Vamos nessa!
 

Geraldo Maia
Poeta, escritor, doutor honoris causa pela uni american universidade
corporativa das américas

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