Soco na professora mostra que MBL é o embrião da Juventude Nazista. Por Alex Solnik
Não podemos ser condescendentes com o MBL nem deixar de dizer o que ele é. O objetivo dos seus integrantes não é apenas ganhar muito dinheiro defendendo e atacando políticos nas redes sociais em todo o país, tais como Aécio Neves, João Dória e Bolsonaro, mas também disseminar uma ideologia de extrema-direita entre a juventude
desinformada do nosso país, associando-a ao conceito de liberdade, daí o nome Movimento Brasil Livre.
Não por acaso rola a estupidez nas redes de que o nazismo é de esquerda.
Adivinhem quem está martelando isso.
A primeira consequência de seu proselitismo que começou em 2013 foi o soco desferido por um aluno de 15 anos, em sala de aula de uma escola pública de Indaial, Santa Catarina, na professora Marcia Friggi.
O soco aconteceu porque ela defende ideias de esquerda.
O aluno reagiu como reage um extremista de direita: com violência e não com argumentos.
Poderia ser com um revólver ou apenas com sua força física.
O episódio ilustra o que está provocando essa campanha insólita e medieval chamada “Escola sem partido” cujo intuito é arrancar do currículo o estudo de correntes filosóficas fundamentais, como o marxismo, por exemplo – e principal bandeira do MBL.
A exposição do rosto ensanguentado da professora não comoveu nem ao ministro da Educação e muito menos ao presidente da República tampões.
Nenhum deles tocou no assunto.
Supõe-se que ou acharam o episódio irrelevante ou deram razão ao aluno e se envergonham de dizer em público.
A Juventude Nazista nasceu como movimento voluntário, mas depois Hitler o tornou obrigatório desde os 6 anos de idade e os pais que se negassem a inscrever os filhos ou perdiam a sua guarda ou eram presos.
Fazia parte do treinamento semi-militar – obrigatório para meninos e meninas – durante a ocupação alemã da Rússia, crianças nazistas serem estimuladas a bater e torturar crianças russas – comunistas, portanto.
Naquela época ninguém sabia o que era o nazismo, o que ajudou a popularizar a mentira de que ele seria a salvação da Alemanha, que vivia uma grave crise econômica e a população procurava um salvador.
Agora que sabemos o que o nazismo foi, causam perplexidade, revolta e desassombro declarações como a de hoje, do senador e atual presidente do PSDB, Tasso Jereissati, de que o PSDB “recebe de braços abertos o MBL”.
Eu gostaria muito de saber o que o sociólogo Fernando Henrique Cardoso achou dessa declaração.
Talvez sua opinião seja impublicável.
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”
Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/313569/Soco-na-professora-mostra-que-MBL-%C3%A9-o-embri%C3%A3o-da-Juventude-Nazista.htm