Traços por José Carlos Limeira
Sonhos dos oprimidos
Contas e adereços
Que falam de muitos sentidos
Que contam
dos nossos feitiços
Que mostram
certos endereços
Entre o sim
e o não do que há
Dos nossos
maiores acertos
No branco
de Leembá
De Roji
ostento o azul
Uso de
todas as cores
Do vermelho
e rouge de Nzila
Aos colares
de laguidbá
Minhas
contas de coral, Âmbar e louça
Vão do
verde de Katende
Ao ouro da
Kisiimbi mais moça
Ando cheios
de marcas
Provas de
boa herança
Nas sextas
só uso branco
Nas quartas
vermelho franco
Nos
cabelos, as vezes tranças
Sou do povo
que tem fé
Em Deuses
da cor mais cor
Uns que
cuidam das doenças
Outros de
encanto e amor
Dizem que
sou do babado
Dizem que
sou mandingueiro
Que entendo
de quebranto
De como
chamar dinheiro
Digam o que
quiserem
Eu sou de
um povo de fibra
Que resiste
ao que der e vier
Que desfaz
as intrigas
Que guarda
da beleza das folhas
Ao sabor do
acarajé
Ao molocum
de Dandaluunda
Ao amalá de
meu Pai
Sou do povo
do bakisi
De quem não
se ouve um ai
Sou filho
de Luiza Gaiacu,
de
Gombenazazi, de Kasindé
de
Kafurepaanzu, de Nausi
de Jiringê,
de Stela, de Val,
de Lawê
Demí, de Hilda Jitolu
De Deré, de
Bebé do Tanuri.
Sou desse
Povo de Santo.
E se quiser
outro tanto,
sou mesmo é
de Candomblé.