Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são necessários para ativar os recursos básicos deste site, como fornecer login seguro ou ajustar suas preferências de consentimento. Estes cookies não armazenam quaisquer dados de identificação pessoal.

Não há cookies para exibir.

Os cookies funcionais ajudam a executar determinadas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedback e outros recursos de terceiros.

Não há cookies para exibir.

Os cookies analíticos são utilizados para compreender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas como número de visitantes, taxa de rejeição, origem do tráfego, etc.

Não há cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados ​​para compreender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

Não há cookies para exibir.

Os cookies publicitários são utilizados para fornecer aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitou anteriormente e para analisar a eficácia das campanhas publicitárias.

Não há cookies para exibir.

Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

Xadrez da maior luta nacional de todos os tempos. Por Luís Nassif

6 - 8 minutos de leituraModo Leitura

Artigo publicado originalmente no GGN

Lula tem inúmeros instrumentos à mão para virar o jogo. Não vira, se não quiser. Há duas frentes prontas para serem acionadas.

Peça 1 – os novos tempos do trumpismo

As características da geopolítica de Donald Trump e do capitalismo de catástrofe já estão delineadas:

  • combate à globalização, entendida como livre fluxo de comércio;
  • destruição dos Estados nacionais;
  • disseminação do discurso de ódio e do individualismo como motores da ultra-direita;
  • a partir daí, controle do mundo pelas big techs e mercados financeiros, embora sujeito a fricções entre ambos os grupos.

Peça 2 – o controle do dinheiro mundial

A crise de 2008 consolidou, inicialmente, o poder dos grandes bancos globais.

Segundo a BBB News, os 28 maiores bancos do mundo passaram a dominar os mercados financeiros, com um controle significativo sobre o fluxo de capitais globais.

Ampliou a concentração de poder, houve poucas mudanças pós-crise e essas instituições continuam sendo estratégicas na alocação do crédito e na criação de crises financeiras. Ficou nítido o papel do JP Morgan na crise cambial brasileiro de dezembro passado.

Ao mesmo tempo, os grandes fundos globais passaram a atuar sobre um universo cada vez maior de companhias, como tem alertado o economista Ladislau Dowbor.

Entrou-se em uma espiral financeira que impede qualquer aumento do investimento público ou privado. De um lado, os grandes fundos acionistas exigem aumento continuado dos dividendos, tendo como parceiros os CEOs, e sacrificando investimentos no crescimento, manutenção e consolidação das companhias. De outro, os spreads bancários tirando enormes volume da economia e dos investimentos.

O modelo exaure as empresas privadas, obrigando a vender o futuro para gerar dividendos; e o governo, obrigando a aumentar juros da dívida pública e cortar toda forma de gastos. 

Peça 3 – padrão Jack Welch

O primado dos grandes fundos internacionais, exigindo cada vez mais dividendos e retorno do capital – em detrimento do próprio futuro da empresa -, consagrou-se no chamado padrão Jack Welch – o executivo que alçou a General Eletric às alturas e, depois, contribuiu decisivamente para sua derrocada,

São características desse modelo:

  • Cultura dos cortes e pressão excessiva.
  • Desvalorização dos empregos tradicionais e terceirização excessiva
  • Foco excessivo no lucro de curto prazo
  • Cultura do medo e do stress
  • Impacto negativo na inovação
  • Falhas éticas e escândalos

Os ameaçados pela globalização são identificáveis

Peça 4 – as limitações do governo

O governo Lula se vê acuado por três frentes:

  • mercado-mídia, com o terrorismo fiscal e inflacionário;
  • Congresso, se apropriando do orçamento;
  • falta de um projeto claro de país, como principal fator da perda de popularidade, que acaba se manifestando nas críticas à carestia – que é apenas um subproduto da decepção com a ausência de sonhos.

Por outro lado, o modelo internacional em vigor, é ameaça clara a um conjunto de atores econômicos:

  • os trabalhadores, pela consolidação do método Jack Welch;
  • as grandes empresas internacionais do setor produtivo, alvos fáceis de jogadas dois grandes fundos, através da mera manipulação do câmbio. Confira um exemplo hipotético: uma multinacional iniciando o ano com projeção de lucro líquido de R$ 15 milhões, com o câmbio a R$ 4.80. Basta um movimento especulativo jogando o câmbio em R$ 6,20 (como ocorreu em dezembro), para seu resultado, em dólares, ter uma queda de 22,6%.
  • os grupos nacionais do setor produtivo – industriais e do varejo -, sendo espremidos pela competição internacional, especialmente das grandes plataformas;
  • as Pequenas e Médias Empresas, tendo que enfrentar cada vez mais a competição chinesa.

Peça 5 – o Plano de Metas de JK

Juscelino Kubitschek enfrentou cenário semelhante quando presidente: sob ataque constante da imprensa, ameaça de golpe militar, inflação, contas públicas e externas no pandareco.

Mesmo assim, com seu Plano de Metas virou o jogo.

Consistia, de um lado, na criação de um conjunto de Grupos Executivos.

O plano focou em 5 setores principais. Energia, Transportes, Alimentação, Indústria de Base e Educação eram essenciais. A interdependência desses setores impulsionaria o desenvolvimento. GTs foram formados para cada setor, com metas específicas:

  • Energia: geração e distribuição.
  • Transportes: integração do território nacional
  • Alimentação: aumento da produção e distribuição.

Havia um setor exclusivo para a reestruturação industrial:

  • GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística
  • GEICON – Grupo Executivo da Construção Naval
  • GEIMEPE – Grupo Executivo da Indústria da Mecânica Pesada
  • GEAMPE – Grupo Executivo da Assistência à Média e Pequena Empresa

Entre outros feitos, o plano lançou o Programa Nacional de Fabricação de Veículos a Motor, aprovou 17 projetos e implantou 12.

O plano focou em 5 setores principais. Energia, Transportes, Alimentação, Indústria de Base e Educação eram essenciais. A interdependência desses setores impulsionaria o desenvolvimento. GTs foram formados para cada setor, com metas específicas.

O programa atraiu pesos-pesados de diversos setores, obedecendo a condições impostas pelo governo: participação do capital nacional e fornecedores nacionais.

Peça 6 – a estratégia à disposição de Lula

Lula tem inúmeros instrumentos à mão para virar o jogo. Não vira, se não quiser. Há duas frentes prontas para serem acionadas, cujo objetivo final é o da construção da solidariedade nacional.

Frente 1 – a reestruturação industrial.

Já está em andamento, com alguns resultados palpáveis, mas sem ter se tornado peça central do governo. Atribui-se ao fator Rui Costa, que possui uma guilhotina pronta a cortar o pescoço de qualquer ministro que ouse se destacar.

Já há duas iniciativas prontas para serem turbinadas.

  • Transição Energética, de Fernando Haddad
  • Nova Indústria Brasileira, de Geraldo Alckmin.

Ambas definiram metas, articulam ações, fazem o meio campo com outros ministérios e com agentes econômicos. E envolvem milhares de empresas dos mais variados setores

Energia renovávelEnergia solarEnergia EólicaHidrelétricaOutras – biomassa, geotermia, energia oceânica
ArmazenamentoBateriasEm larga escala
Eficiência energéticaSoluções inteligentesEletrodomésticos e veículos eficientes
Redes inteligentesModernização da infraestruturaMicro-redes
Mobilidade sustentávelVeículos elétricosBiocombustíveis
Captura e armazenamento de carbonoTecnologias de capturaArmazenamento subterrâneo
Sustentabilidade e responsabilidade socialNovos modelos de negócioCertificações e selos

Frente 2 – o Arranjo Produtivo Digital

Um dos grandes ativos nacionais é a profusão de organizações públicos e privadas com distribuição nacional: sistema S, cooperativismo, confederações de empresas e de trabalhadores, evangélicos do bem, agricultura familiar, movimentos sociais, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios.

O principal se tem. Falta apenas imaginação criadora para juntar todas essas peças em um grande programa de mobilização nacional.

Uma das idéias é criar uma grande plataforma de produção, com grupos de pequenos produtores divididos por tipos de produção: têxtil, vestuário, mobiliário etc.

Haverá uma campanha estimulando o cadastramento das PMEs em portais próprios.

Depois, cada uma delas será certificada pelo SENAI e pelo SEBRAE de sua região.

A certificação é o atestado de que ela tem condições de produzir de acordo com critérios de qualidade e rapidez.

Caberá ao projeto organizar os produtores para negociar com as grandes plataformas.

Eles poderão ser produtores para marcas conhecidas, ou – com assessoria do Sebrae e do BB – montar sua própria linha de produção e marcas próprias.

As Brigadas da Informação.

Para dar visibilidade midiática ao projeto:

1. Criação de Brigadas da Informação, formadas por técnicos do Senai, Sebrae, Banco do Brasil e governo.

2. Seleção de cidades e empresas para receber a visita das brigadas.

3. Evento público com as empresas e os arranjos, visando estimulá-las para a certificação e para o projeto.

4. Cada cidade será tratada como Polo de Desenvolvimento.

5. Inauguração do Polo, com presença da ABDI, CNI, da Federação de Indústria local, dos sindicatos e de autoridades do governo, como o Ministro do Desenvolvimento e o próprio Presidente da República

Peça 7 – à guisa de conclusão

Enfim, Lula tem à mão todos os ingredientes para marcar definitivamente o modelo Lula 3, preparando o país para o maior desafio da sua história: ou reencontrar a vocação de grandeza, que se perdeu nas dobras do tempo, ou entregar-se ao bolsonarismo-tarcisismo, que significará o fracasso final como projeto de nação.

Uma bandeira mobilizadora da sociedade, de trabalhadores, empresários, crentes de todas as religiões, terá o condão de fornecer ao presidente a força política para superar as restrições do Congresso e do mercado.

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *