Corpo D’água é um espetáculo de dança afro-contemporânea, estreado em 2009, cuja pesquisa está na Água como universo poético e mítico, enquanto elemento que toma corpo e corpo que se torna elemento. Inspirado em Oxum, Orixá das águas doces, no comportamento e na cinética das águas, na poética mítica de Manoel de Barros encontrando os mitos de Oxum na cultura yoruba. O trabalho se teceu na relação entre corpo, palavra e sensorialidade e na construção de uma corporeidade que se funda na sutileza, na liberdade, na memória e na natureza.
Pela água, o espetáculo aborda as metamorfoses, caminhos e resgates de um corpo no encontro com sua ancestralidade dentro da tradição afro-brasileira do candomblé. A coreografia e a música poetizam as qualidades de movimento e humores líquidos, evocando as sensações diversas do elemento em seus diferentes estados e forças. O espetáculo traz a inseparabilidade entre sagrado e profano, tradição e contemporaneidade, abstração e concretude.
Na remontagem atual, 2018, o espetáculo ganha novos coloridos e elementos: a presença e o trabalho do músico Felipe Machado, compondo uma nova trilha sonora, na pesquisa das relações entre música, memória, e água; e a intérprete retoma o espetáculo solo, 6 anos depois, depois de já tê-lo realizado em duas remontagens coletivas, acumulando e percebendo as diferenças de vivê-lo de novo no seu e num só corpo, voltando à origem, depois de ter gestado, parido e ser mãe, e das experiências de vida e pesquisas de pés de Dança de Orixás das águas no Benin.