Madiha é o primeiro livro de contos do escritor Edson Lodi e o primeiro dedicado ao público infanto-juvenil. Tais definições para esta obra – a ser lançada, no próximo dia 28 de março, a partir das 18h30, na Academia de Letras da Bahia – são, entretanto, insuficientes. Primeiro por ser uma leitura fascinante para leitores de qualquer idade, e também pelo intenso lirismo e fina espiritualidade que atravessam as narrativas e encontram na Poesia sua maior expressão.
Os três contos presentes no volume – “Madiha”, “Ife, o peixinho” e “Gabriela” – se entrelaçam numa fábula tecida, com extrema delicadeza, pelo fio encantatório da linguagem poética. E da memória. Através delas, Lodi recupera o sentido original das palavras que, como laços invisíveis, vinculam o ser humano às forças primordiais da natureza, mais especialmente à Lua, Mãe das Mães, que tem o domínio sobre as águas – todas as águas.
A Lua reina, pois, nestas histórias singelas, mas poderosas, “como quem passeia silenciosa e calmamente à beira-mar. Ou como a flor sob o relento, onde pousa o doce olhar de uma mulher”. E eis que surge aqui outro elemento essencial dessas fábulas: o feminino, a força geradora, maternal e matricial, que dá e alimenta a vida.
É no sentido de um retorno ao núcleo original da vida, que liga o passado ancestral ao momento presente do mundo desencantado e carente, que se desenvolve a história da jovem Madiha, nascida em uma tribo africana que enfrenta as consequências de uma terrível seca, e de sua jornada para o reencontro com seu filho e com o seu povo, dos quais se separou após cair do navio durante uma tempestade em alto-mar.
A saga de Madiha é retomada na história de Ife, o peixinho, que, preso num pequeno aquário sonha a liberdade maior do vasto oceano, e da menina Gabriela que possibilita a realização desse sonho, recuperando o significado ancestral da experiência vivida por sua antepassada.
Na sucinta e delicada apresentação da obra, Heloiza Helena Entringer Pereira, refere-se ao livro de Edson Lodi como um “passaporte com destino aos Encantos da Lua”.
Autor de quatro livros – Travessia: poemas (2007); Estrela da minha vida: histórias do sertão caboclo (2004; 2011, 2ª edição); Relicário: imagens do sertão (2010) e A Graça de Maria (poemas, 2015). Em Madiha, sua escrita poética é enriquecida substancialmente pelas belíssimas ilustrações de Tiago Hoisel e Cecília Lodi, bem como pelo projeto gráfico de Thaís Damião e Raquel Simões Hoisel. |