Prazer de cantar

Vércia nasceu em Cachoeira, mas desde cedo se radicou com sua família em Salvador. Nunca esqueceu a musicalidade do Recôncavo e nem as influências musicais do candomblé, para ela que praticamente nasceu num dos mais tradicionais terreiros jejes do Brasil, o Seja Hundê de Cachoeira. Morou alguns anos em Itabuna, voltando para Salvador para estudar Letras na UFBA e fazer o que mais ama na vida: cantar. Em  2012 acontece o lançamento do primeiro EP e uma etapa decisiva a define quanto ao estilo:  “ passa a se entender como intérprete da música negra, em suas nuances”, como ela mesma diz, e este trabalho levou o seu som  para Uberlândia (2012), Itália (2013) e Brumado (2013).

Mais que revelação

É difícil viver de música numa cidade como Salvador, embriagada pela indústria do Carnaval, sem uma indústria cultural inclinada a ampliar as possibilidades, e cheia de gente musicalmente talentosa. Mas, Vércia chega para além da revelação. Uma voz que rasga e emociona, o suingue da cor, que valoriza cenários antropológicos e históricos de nossa gente, configura nossa inventividade, sem apartar o corpo dos seus ouvintes de balançada audição que empurra a todos para a dança livre, até mesmo quando sob o peso de reflexões como o racismo vigente na Bahia e no Brasil.