A musicalidade que a diáspora africana trouxe ao Brasil e a diversos países ganha novos caminhos de diálogo e criação no encontro dos artistas Mariama (Serra Leoa), Mû Mbana (Guiné Bissau) e Maher Cissoko (Senegal) com seis músicos baianos influenciados pela música de matriz africana, no Salão Nobre da Caixa Cultural Salvador. Estimular esse intercâmbio musical contemporâneo é o objetivo do projeto “Sons da África”, que tem edição de estreia entre os dias 12 e 14 de maio, com as cantoras e compositoras baianas Mariella Santiago e Aiace, que dividem o palco com a cancionista Mariama. Na segunda edição, de 16 a 18 de junho, os cantores Lazzo e Nara Couto serão anfitriões do multi-instrumentista, compositor e poeta Mû Mbana. O percussionista senegalês Maher Cissoko participa da terceira edição, entre os dias 14 e 16 de julho, ao lado do músico Tiganá Santana e da cantora Márcia Short.

“Nossa ideia é fazer uma provocação artística, ao reunir músicos unidos por essa ancestralidade comum e descobrir o que irão fazer juntos. Queremos desconstruir estereótipos. Por isso, estarão aqui artistas de países e sonoridades bem distintas. Estamos falando da riqueza de sentidos e referências de um continente que tem mais de 50 países”, explica o coordenador e idealizador do projeto “Sons da África”, Emílio Mwana. Uma banda base composta pelos músicos Ldson Galter (Contrabaixo acústico, elétrico e arranjos) – que assina a direção musical do projeto, Marcelo Galter (piano elétrico, teclados e arranjos) e Reinaldo Boaventura (bateria, percussão e arranjos) participa do processo criativo com os artistas.

“Estou super animada para estar na Bahia. De todos os lugares no Brasil, sempre foi o lugar que mais me interessou, devido aos seus laços históricos com o continente africano. Estou muito curiosa sobre a diáspora africana, considerando-me uma parte dela, mesmo sabendo exatamente onde estão minhas raízes africanas. A música brasileira tem alguns dos gêneros mais variados e atemporais do mundo. Há algo surpreendentemente leve, profundo e, ao mesmo tempo, sofisticado sobre isso. É muito original. Gosto muito de Gilberto Gil, de Caetano Veloso, de Tânia Maria, de Jorge Ben, mas também tive a oportunidade de conhecer Emicida na Alemanha. Por isso, estou curiosa para saber mais sobre o que está acontecendo e

emergindo agora. Espero aprender muito na Bahia”, afirma a cantora e compositora Mariama. Nascida na cidade de Freetown (Serra Leoa), ela cresceu em Colônia, na Alemanha, e hoje vive em Paris, na França. Seu primeiro álbum intitula-se The Easy Way Out e tem inspirações múltiplas e livres, que vão do jazz ao folk, passando pelo reggae.

Na noite de estreia do projeto (12), Mariama apresenta-se ao lado da cantora e compositora baiana Mariella Santiago. “Para mim, é um marco histórico poder estabelecer trocas entre artistas de culturas diaspóricas, como as do Brasil (Bahia) e Serra Leoa (Freetown), em termos diferentes das que foram praticadas pelos europeus com o tráfico negreiro. Através da música, a gente se conhece, se reconhece e reata  possibilidades de interação, criação e crescimento humano. No caso de Serra Leoa, são 16 etnias convivendo no mesmo território. Imagine! ‘Sons da África’ se inscreve nesse esforço de conexão, de apropriação desse nosso passado-presente comum. É uma alegria poder participar”, afirma Mariella, dona de um estilo próprio e original, que possibilita o encontro de referências como o soul, com a musicalidade brasileira. A artista gravou, em 2015, o DVD “Ella é do Brasil”, e realizou turnê no país. Em julho, o projeto retorna a Salvador e será disponibilizado na internet.

No sábado (13), a cantora e compositora Aiace protagoniza o diálogo musical com Mariama e a Banda Base. No domingo (14), Mariama faz apresentação solo ao lado da banda. “São três mulheres negras que possuem uma raiz comum nos seus trabalhos, mas que, apesar disso, conseguem soar completamente diferente umas das outras. Isso é extremamente rico para quem participa como artista ou como público e essa é a grande viagem desse intercâmbio: perceber as diferenças e as proximidades entre os trabalhos e se reconhecer neles. Nesse momento do reconhecimento, no contexto atual, acho muito importante possibilitar esse encontro entre mulheres como um espelho para tantas outras que, por vezes, desacreditam do próprio sonho em função das pressões sociais”, afirma Aiace. A artista está em fase de finalização de seu primeiro álbum solo Dentro ali, e acaba de lançar o segundo disco (Gratia) com a Banda Sertanília.

Ao lado da banda base, o trio de cantoras que abre o projeto “Sons da África” tem a missão de construir, através desse intercâmbio, uma música que fuja dos estereótipos comumente associados ao continente africano.  “A música mundial tem sofrido uma grande influência da música africana e esta, com o passar do

tempo, também foi se transformando e se adaptando a novos tipos de sonoridades. Cada uma das artistas convidadas nesta primeira edição traz em sua música uma rica e clara influência e elementos da música africana. Todas com suas particularidades e estilos, o que nos faz enxergar de forma mais ampla a música dos dias de hoje como completamente influenciada por elementos da cultura africana. Nesse sentido, os ‘sons da África’ são os sons do mundo nos dias atuais”, reflete Ldson Galter.

Ingressos e oficinas

Os ingressos para a primeira edição de “Sons da África” começam a ser vendidos no dia 12/05, às 9h, exclusivamente na Caixa Cultural, localizada na Rua Carlos Gomes. A programação das três edições inclui a realização de oficinas gratuitas com Mariama, Mû Mbana e Maher Cissoko. A primeira é intitulada “Sons da África por Mariama” e será realizada no dia 13/05, às 10 horas, na Caixa Cultural. As inscrições podem ser feitas presencialmente no dia da oficina, 30 minutos antes do início da atividade.

FICHA TÉCNICA:

Coordenação Geral: Emílio Mbana

Produção Executiva: Tiago TAO

Direção Audiovisual: Igor Caiê Amaral

Direção Musical: Ldson Galter

Banda base: Ldson Galter (Contrabaixo acústico, elétrico e arranjos), Marcelo Galter (piano elétrico, teclados e arranjos) e Reinaldo Boaventura (bateria, percussão e arranjos).

Técnico de Som: Humberto Curujito

Técnico de Luz: Rino Carvalho

Programação Visual: Tiago Ribeiro

Assessoria de Imprensa: Frente & Verso Comunicação Integrada I Adriana Jacob e Lívia Santana

Registro Fotográfico: Igor Caiê Amaral

Registro Videográfico: Petrus Pires